Renata Manzano 26/10/2021
Um destaque na multidão
Alguma vez você já leu um livro por simples curiosidade e acabou completamente envolvido? Pois eu tive essa sorte durante a leitura de ?Túmulo dos amores mortos? do Héber Luciano.
Confesso que sempre procurei a segurança dos clássicos e dos autores consagrados. De uns tempos pra cá, curiosa com o cenário atual, passei a dar uma chance e a apoiar os novos autores. Depois de algumas (muitas) decepções, eis que surge algo inovador: em um mar de novos títulos que todos os dias são publicados, esse é um livro singular. Não espere encontrar nele romantismo barato, nem finais felizes.
Longe disso. Ele foi feito para incomodar e para fazer pensar. Nele você vai se deparar com eventos que a primeira vista são corriqueiros, mas que flertam com as sombras que habitam as pessoas. Vai achar que está embarcando em uma ocasião segura e familiar, sem imaginar que o chão vai sumir sob os seus pés. Doce ilusão!
E se você espera um texto descuidado e despretensioso, esqueça. Cada frase foi muito bem escrita, pensada e repensada por Héber Luciano, desbastando o supérfluo e abrindo espaço para um ritmo cadenciado, permeado por ideias e sentimentos conflitantes, que fazem de cada personagem seres humanos tridimensionais, prontos para saltar do papel.
Ao ler estes contos, faça-o cuidadosamente. Preste atenção aos detalhes. Nada está lá por acaso.
Do contrário, poderá deixar passar despercebidas as pequenas complexidades que o autor inseriu em cada texto, como pequenas joias incrustadas, que só o leitor mais atento será capaz de garimpar.
É desalentador? Sim. É verdadeiro? Também. É uma visão crua e irremediavelmente melancólica da existência? Com certeza.
Se você quer ler algo impactante, vai em frente. Você não vai se arrepender. Ou ainda, vai se arrepender de muitas coisas que deixou de fazer na vida, depois de conhecer essas histórias.
Finalmente, o que tenho a dizer de tudo isso? Que virei fã e já li todas as outras publicações do autor.
E adivinhem? Ele nunca decepciona.