Resenhas - Escravos cristãos, senhores muçulmanos

Monica.Pires 16/01/2022

Livro importante.
"Os historiadores vêm ignorado há décadas a existência da escravidão branca. A maior parte das pesquisas feitas na área, pautadas pelos paradigmas e dogmas ideológicos que tomaram conta dos ambientes universitários do mundo todo a partir de meados do século XX, reforçam o estereótipo do opressor branco e do negro oprimido. Qualquer um que diga hoje que a escravidão branca chegou a proporções tão significativas quanto às da escravidão negra será invariavelmente tachado de supremacista branco e revisionista histórico. No entanto, quem quer que leia até o fim este estudo de Robert C. Davis, um dos acadêmicos mais respeitados na área, chegará à inevitável conclusão de que a escravidão branca por parte dos muçulmanos é um fato histórico amplamente documentado."


Trecho: CAPÍTULO IV

Vida de escravo

Todo esse tempo, não víamos no horizonte a libertação de nossa escravidão: conforme um ano passava, outro chegava, e nós, cativos, continuávamos na mesma situação: nossas condições eram péssimas, e corriam o risco de piorar a cada dia, à medida que os humores de nossos patronos mudavam em relação a nós... A verdade é que, com o passar do tempo, nos tornamos tão habituados à servidão que quase esquecemos o que era a liberdade, então ficamos entorpecidos e inconscientes de nossa escravidão.

Paulo2175 03/03/2023

Uma História que não interessa muito a ninguém

Uma pergunta que fica no ar , é por que ninguém se importou/importava tanto com a abrangência do tráfico de escravos brancos no Mediterrâneo? Talvez porque nunca serviu ao interesse de ninguém ou porque falar da escravidão negra dá mais Ibope, seja mais cômodo , haja vista que, existe um material abundante sobre o assunto, ou quiça vende mais livros e se arrecada mais dinheiro com filmes de Hollywood.
O fato é que a escravidão branca aconteceu sim, praticadas pelos mulçumanos de Argel, contra povos brancos cristãos, fossem eles pobres ou ricos . Uma vez raptados pelos corsários, dava início ao martírio , tanto pelo aprisionado como para seus familiares que, tinha que arranjar o dinheiro para pagar o seu resgate e aqueles pobres cristãos que não tinham como pagar o resgates eram vendidos para seus senhores para trabalhos diversos.
O trabalho mais "leve" era o de servidão doméstico na casa de seus novos donos e o serviço mais indesejado era o de trabalhar nas galés, aqueles barcos onde muitos remam ao mesmo tempo, com pés e mãos amarados. Ali pereceriam de tanto apanhar em condições degradantes. Esses cativos eram ingleses , franceses , italianos e espanhóis, em sua maioria .
Os castigos não diferem muito dos escravos do Atlântico, mas o castigo mais comum eram as chibatadas que variavam de 100 a 500, dependendo da infração cometida , a tentativa de fuga era o pior castigo, seguido do castigo de pancadas nas solas dos pés, onde muitos ficavam mutilados.
Chamou o episódio de uma senhora francesa capturada. Ela estava a fazer uma viagem de navio e fora capturada pelos corsários. Ela foi trabalhar na casa de seu dono como costureira e era ótima no que fazia , até que dona da casa lhe propôs se converter ao Islamismo, esta não aceitou e foi açoitada com o corpo nu, em praça pública , mas ela não se converteu .
Um bom livro para conhecer um pouco mais sobre essa história que poucos conhecem .