Lutas e metamorfoses de uma mulher

Lutas e metamorfoses de uma mulher Édouard Louis
Édouard Louis




Resenhas -


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Marcelo 06/09/2023

Resenha disponível no Booksgram @cellobooks ?
Para mim, Édouard Louis é de fato um escritor notável que ganhou destaque no cenário literário contemporâneo com suas obras impactantes e autobiográficas. Há quem compare o autor com a ganhadora do Nobel Annie Ernaux por sua escrita autobiográfica, crua e sentida. Ele aborda temas complexos, como homossexualidade, injustiças de classe, masculinidade tóxica e violência, usando uma escrita afiada e crítica. Suas obras têm o poder de dar voz às pessoas marginalizadas e invisíveis na sociedade.

Esses 2 livros são seus lançamentos mais recentes no Brasil. Em "Quem matou meu pai," Louis responsabiliza as instituições francesas pela decadência de seu pai, explorando as implicações políticas e sociais de sua história pessoal. Como em suas demais obras, não deixa de refletir sobre toda a homofobia que passou, a incompreensão familiar (principalmente paterna), a falta de amor e as dificuldades financeiras de sua família desestruturada. Em "Lutas e metamorfoses de uma mulher," ele narra as transformações de sua mãe após o fim de seu casamento, mostrando como as mulheres podem superar relacionamentos abusivos e encontrar sua própria liberdade. Mas antes de chegar nesse ponto, ele relata toda a vida sofrida de sua mãe, a perda dos sonhos, a vida na periferia, as agressões sofridas pelos maridos, os filhos problemáticos.

Em ambas as obras o autor também discute a masculinidade tóxica e como ela afeta os homens, destacando como os estereótipos de gênero podem ser prejudiciais em qualquer relação, sejam elas sociais, familiares, profissionais e mesmo pessoais.

Eu sou suspeito para falar pois sou fã incondicional do autor por me identificar muito com os relatos vividos por ele, mas no geral, a obra de Édouard Louis é um chamado à reflexão e à ação, destacando questões sociais urgentes e dando voz aos que muitas vezes são negligenciados pela sociedade. Suas obras são uma forma de resistência e um meio de confrontar os leitores com a realidade que muitas vezes preferem ignorar
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Charlene.Ximenes 20/04/2024

Ser mulher foi uma conquista
Em ?Lutas e Metamorfoses de uma Mulher?, Edouard Louis explora a relação complexa entre mãe e filho e mergulha na história para compreender as raízes maternas e confrontar seu próprio ressentimento, não fugindo da responsabilidade por suas ações. A obra mantém a atmosfera íntima e melancólica característica do autor, enquanto retrata a opressão do pai e a vergonha da pobreza, revelando momentos de humilhação e lirismo contundente. À medida que avança em sua jornada, a relação entre mãe e filho se transforma, culminando em uma metamorfose de Monique, que encontra uma nova vida após deixar seu marido. Louis oferece o livro como um refúgio emocional para sua mãe, buscando devolver lhe uma agência retroativa.

?Quando eu era criança, sentíamos vergonha juntos - de nossa casa, de nossa pobreza. Agora eu estava envergonhado de você, por causa de você.
Nossas vergonhas se separaram.?

?(...) para ela, tornar se mulher foi uma conquista.?

Senti, tal qual me sinto ao ler as obras de Annie Ernaux, vendo minha própria história e a história da minha família. O texto direto, duro, pessoal e social do Louis me fez entender mais sobre mim e a minha relação com os meus pais.
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@limakarla 03/09/2023

Tinha terminado de ler o livro do Édouard sobre seu pai e tinha ficado emocionada com várias passagens, mas ler o da mãe foi muito além do que eu imaginaria. Lindo, sensível, forte, doloroso, mas que mostra que há sim felicidade nos locais mais impressionantes e que nós precisamos, tantas vezes, é de coragem para quebrar a lógica em que vivemos.

É preciso tentar mudar, dar o primeiro passo, enfrentar de cabeça erguida essas metamorfoses da vida. E como é bonito ver um filho que já elaborou muito sobre os próprios pais, e continua elaborando, as perspectivas se tornam outras. Nós perdoamos muito mais.
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Artemis 14/09/2023

"Ela tinha certeza de que merecia outra vida"
Que livro maravilhoso,cheio de pura humanidade e nuances sinceras,o autor não esconde os conflitos e mostra que pais e mães eram e são seres complexos e contraditórios antes de serem nossos pais ? sempre serão. A mãe ficcionalizada de Eduard é retratada crua,direta,mas nada disso altera a delicadeza e empatia dentro de cada memória,quero ler mais desse autor em breve.
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Arte 365 05/11/2023

Impressionante
Nessa obra, a mãe do autor funciona como uma espécie arquétipo de mulher da periferia francesa. Uma mulher com pouquíssimos recursos, destinada ao papel de "cuidadora" da família. E aproveita para falar da segregação de classes, eu até pensei que fosse um escritor com a idade de Annie Ernaux, de certa maneira acho que ele bebe dos livros da Prêmio Nobel, mas pasme ele nasceu em 1992!

Também explora sua relação com a mãe, nesse sentido é quase uma ode a essa mulher, que como o título aponta, sofre uma metamorfose.

Livraço, não só pelo que escreve, mas pela maneira que o faz.
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Rafael Mussolini 29/05/2024

Lutas e metamorfoses de uma mulher
"Lutas e metamorfoses de uma mulher" do Édouard Louis (Editora Todavia, 2023) é uma obra sensível, onde o autor olha para a história de opressão vivida por sua mãe e descobre uma mulher que era “livre antes de seu nascimento”. Utilizando de uma linguagem poética e ao mesmo tempo realista, Édouard faz uma espécie de ensaio sobre o efeito das condições sociais (especificamente da pobreza) e do machismo na vida de uma mulher.

Édouard Louis começa o livro narrando um fato que foi um dos pontos de partida para que começasse a enxergar a própria mãe para além da maternidade. O autor encontrou uma foto, que não sabe exatamente como chegou em suas mãos, e que retrata sua mãe aos vinte anos de idade.

"Ver essa foto me lembrou que esses vinte anos de vida destruídos não foram uma coisa natural, aconteceram pela ação de forças externas a ela – a sociedade, a masculinidade, meu pai -, e que, portanto, as coisas poderiam ter sido diferentes."

Assim como faz no livro “Quem matou meu pai”, onde nomeia todos os fatores e inclusive as pessoas responsáveis, direta ou indiretamente, pela sua degradação, em “Lutas e metamorfoses de uma mulher”, Édouard segue pelo mesmo caminho, mas aqui, ele também se coloca como um dos responsáveis pela opressão vivida por sua mãe.

"Chorei diante dessa imagem porque fui, sem querer, ou talvez, melhor dizendo, com ela e às vezes contra ela, um dos atores dessa destruição."

A obra de Louis e sua aposta pelo tom autobiográfico, transporta os leitores para modos diferentes de analisar a vida e a realidade, e que no fim das contas nada mais são do que o descortinar de questões que estão o tempo todo diante de nós, mas que são invisibilizadas por convenções sociais e interesses mais.

Sua literatura, que vem sendo prestigiada em todo o mundo, se torna grandiosa exatamente por escancarar os fios que sustentam a nossa sociedade e o modo como ela funcionam hoje. E ao fazer isso, partindo das questões familiares e da simples analise de uma foto, o autor transforma suas obras em verdadeiros manifestos políticos.

"Disseram-me que a literatura nunca deveria tentar explicar a realidade, apenas ilustrá-la, e escrevo para explicar e entender a vida dela. Disseram-me que a literatura nunca deveria se repetir, e tudo que que eu quero é escrever a mesma história, de novo e de novo, voltar a ela até que revele fragmentos da sua verdade, cavar um buraco atrás do outro até o ponto em que o que está escondido comece a ressumar."

Enquanto conta a história de sua mãe, Édouard reflete sobre uma sociedade que funciona por outra ordem quando se trata da vida de mulheres pobres. Vai nos mostrando, que para sua mãe e uma infinidade de mulheres, o que para muitos significa apenas uma mulher “cumprindo seu papel” dentro do seio familiar, para elas pode significar frustração, falta de perspectiva e violência.

"Ela não realizou seus sonhos. Não conseguiu consertar o que via como a sucessão de acidentes que constituía sua vida. Não conseguiu encontrar uma maneira de viajar no tempo."

Após lidar com alguns traumas, vergonhas e desentendimentos da relação com a sua mãe, e de um tempo de afastamento necessário, é que Édouard Louis começou a entender o contexto em que ela vivia. Depois de ver sua mãe com vinte anos de idade em uma foto, com um semblante de quem sonhava com um futuro, é que ele passou a vê-la como alguém com uma história e como alguém que foi privada de várias outras possibilidade de ser e estar no mundo. Em um trecho muito bonito da obra, Édouard diz que aprendeu a “ver a violência ao se distanciar dela, e a via em todos os lugares”.

Além de todas as questões sociais que permeavam as malezas vividas pela sua mãe, Édouard relata o quanto a postura de seu pai, durante os vários anos de casamento, a colocaram em um clico de sofrimento e humilhação, onde precisava se submeter a situações e violências que ainda hoje são legitimadas pelo conservadorismo e pelo machismo.

O ponto de virada da obra, que é algo já explícito no título do livro, está no momento em que sua mãe decide romper com o ciclo de violência que vivia, algo que se inicia com a separação do marido. Contrariando a toda uma perspectiva que foi sendo construída durante sua vida, Monica inicia seu processo de metamorfose.

"Para algumas pessoas, a identidade feminina é claramente uma identidade opressiva; para ela, tornar-se mulher foi uma conquista."

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2024/05/lutas-e-metamorfoses-de-uma-mulher-do.html
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Luis.Henrique 31/03/2024

Nesse processo narrativo de Édouard Louis que visita e revisita sua história sobre diferentes ângulos e perspectivas há um profundo encontro do autor não apenas com os personagens de sua vida, mas com cada parte dele mesmo reconhecida e afetada por essa relação.
Com isso, ganha o seu processo de entendimento e conquista de si mesmo.
E ganhamos nós, pela maneira generosa com que partilha tudo isso conosco.
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Giovana762 28/02/2024

Escrever como uma vingança de classe
Logo após terminar "Quem matou meu pai", comecei a ler "Lutas e metamorfoses de uma mulher" do mesmo autor. Muito motivada pelo desejo de remontar a história da infância do autor, que é esmiuçada por meio da vida de seus pais. Observar a construção da pessoa que sua mãe é depois da vida adulta faz com que ele humanize as suas dores e as violências a que ambos foram submetidos juntos. Nesse sentido, muito motivada pela masculinidade que oprime tudo que nega ou é sua oposição. A violência a qual a classe trabalhadora é condicionada é mais uma vez abordada, acrescendo a ideia do trabalho doméstico "invisível". Por fim, assim como a também francesa Annie Ernaux, Louis escreve para se vingar do apagamento histórico que pessoas como a sua mãe são submetidas na literatura, escrevendo assim para desafiar e expor feridas pessoais e coletivas.
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Rebeca_Moledo 07/09/2023

Esse livro é extremamente tocante, sensível e profundo. o autor escreve sobre sua mãe, sobre tudo o que observou dela durante a vida inteira, sobre todas as dores e lutas, sobre toda uma vida de apagamento, sobre a felicidade de mudar isso também.
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Day 21/10/2023

Soube da existência desse livro depois que vi um vídeo no instagram da todavia com o autor falando sobre sua motivação para escrevê-lo. Achei muito tocante e na primeira oportunidade comprei e corri pra ler.
É um livro curtinho, com memórias do autor sobre as experiências de vida de sua mãe, e algumas coisas me impactaram muito, tanto que meu livro ficou cheio de marcações após o término da minha leitura.
É difícil dar nota pra uma experiência realmente vivida por uma pessoa, mas acho que o autor soube colocar informações importantes, necessárias e tocantes sobre a vida da mãe dele, e conseguiu fazer isso a partir de uma escrita fluida e envolvente, e isso torna esse um bom livro tecnicamente falando. Gostei muito.
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Bianca 26/12/2023

Breve comentário
O cenário do livro é a França e foi o primeiro livro que li que se passa lá, creio que a peculiaridade local transmite ideias e pensamentos da vivência do autor e sua família.
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Mariana 06/01/2024

"Eu me deixei enganar a vida inteira, mas agora estou em Paris e conheço Catherine Deneuve"





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Carla Verçoza 14/01/2024

Esse foi meu primeiro contato com Édouard Louis e gostei bastante.
Sua boa escrita autobiográfica garante uma leitura prazerosa e emocionante.
Aqui ele conta um pouco da vida de sua mãe, que se transformou em uma outra mulher após se divorciar do pai dele. A difícil vida sem muitos recursos, a violência, o álcool e, apesar de tudo, o amor. Bela leitura!
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Fabi 25/04/2024

Neste texto biográfico, o foco é a mãe do autor, mas diz-se muito do que Edouard é até hoje.
Mais do que metamorfoses, são as lutas de Monica: com as más escolhas e destino de muitos quando a educação não é base na infância.
A frustração da mãe, os relacionamentos tóxicos e a falta de perspectiva de uma vida minimamente decente e a sobrevivência e vitória de Edouard neste ambiente soam antagônicos. Palmas para o autor.
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elô 03/02/2024

"Uma última lembrança. Há alguns meses, no jardim de um salão de chá onde propus encontrá-la, ela me contou que quando eu tinha seis anos minha professora a chamou. A professora queria lhe dizer ? pelo menos é o que ela afirma ? que achava meu comportamento diferente do das outras crianças, que eu expressava sonhos e desejos grandes demais, ambições anormais para uma criança da minha idade. Dizia que as outras crianças queriam ser bombeiros ou policiais, mas que eu falava em me tornar rei ou presidente da República, que jurava que quando fosse adulto levaria minha mãe para longe do meu pai e compraria um castelo para ela. Eu adoraria que esta história da minha mãe fosse, de algum modo, a morada onde ela pudesse se refugiar."
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