Mary Manzolli 08/09/2021
Assunto urgente e necessário.
Uma coletânea de ensaios, resenhas e conferências escritos pela autora entre 1966 e 1982.
Alice Walker, autora do premiado romance A cor púrpura, foi a primeira mulher negra a ganhar um Pullitzer de ficção, mas nesta obra de não ficção empresta sua vivência como mulher negra, do sul dos EUA, para abordar assuntos delicados como privilégio branco, preconceito, relacionamentos inter-raciais, política, colorismo, o apagamento da cultura afro-americana, desigualdade, maternidade, feminismo negro e muitos outros assuntos incômodos e não somente necessários, mas também urgentes.
Em meio à tantas provocações sobre a experiência de ser mulher negra dentro de uma sociedade racista e misógina, Alice Walker trata da importância de se ter referencias inspiradoras, nos apresentando pessoas que fizeram diferença na sua formação pessoal e política, como Martin Luther King, Zora Neale Hurston, Phillis Wheatley e sua mãe, que em meio a muito trabalho e imposições patriarcais , encontrou sua própria forma de resistência, cuidando do seu jardim.
Como concluí muito recentemente a leitura de Um quarto só seu, da Virginia Woof e estava com ele fresquinho na memória ainda, achei muito interessante a complementação sobre o assunto trazida por Alice Walker, pois Virgínia em sua obra expõe o apagamento das mulheres escritoras que não puderam expressar seus talentos por não terem recursos e espaços adequados, no entanto Alice vai além ao questionar sobre as mulheres negra, escravizadas, que sequer eram consideradas humanas.
E finalizo aqui com duas frases que me tocaram muito:
"o racismo se alastra como uma trepadeira hudzu, que engole florestas inteiras e casas abandonadas; se você não continuar arrancando as raízes, ele volta a crescer mais rápido do que vc é capaz de destruí-lo".
"O ser humano só vive de verdade por meio do saber: do contrário, simplesmente representa um papel, reproduzindo os hábitos diários dos outros, mas sem usufruir de suas possibilidades criativas humanas, e se conformando com a superioridade do outro e com o seu próprio sofrimento".
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