spoiler visualizarAna Santos 09/10/2019
Papillon e a liberdade alcançada.
O livro conta a história de Henri Charriere que foge da prisão francesa, juntamente com um dos seus companheiros. Depois disso, fez muitas outras fugas, pois não podia e não queria permanecer por muito tempo num mesmo lugar. Passa por muitos lugares, conhece muitas pessoas, e durante estas fugas: como ilhas (lugar que tinha muitos leprosos, mas pessoas muito generosas que o ajudou muito com utensílios, objetos e até dinheiro), aldeia indiana (lugar que ficou com duas índias e as engravidou, mas não ficou até o nascimento das crianças), convento, presídios (Royale, fica por um tempo em um calabouço, mas logo é libertado pela ordem de cônsul, isso por Enrique ser belga) ...
Henri é um personagem que nunca desiste das suas artimanhas para escapar do presídio, isso a todo momento. Posteriormente, o diretor do presídio percebe esta sua “característica” sabendo disso, faz um acordo com Papilon para que não tente fazer nenhuma fuga, enquanto estiver administrando o presídio, no período de cinco meses, pois não queria perder vários benefícios que os diretores perdem quando tem a fuga de alguns dos detentos. Na verdade, notamos e percebemos que sempre está maquinando com os seus pensamentos de como fugir... mesmo que algumas fugas acabam que não sendo acertadas. Como na vez que tentou fugir, estando diante de uma igreja, ou no envenenamento do café de uma das sentinelas.
Foi nestes lugares, que Papilon também fez muitas amizades como: Maturette e Clousiot, ocasionando também a morte de um deles (Clousiot). No decorrer do livro, percebemos uma grande facilidade em fazer amizades, ou seja, há sempre alguém para o ajudar em suas necessidades. Pessoas estas que durante o livro vamos conhecendo os seus crimes, isso divido em fragmentos, não tudo ao mesmo tempo. O que facilita não deixar o livro mais pesado e sobrecarregado violência.
Chega um tempo em que Papilon precisa reaprender a viver em comunidade, pois ficou dois anos na reclusão (pura solidão e individualidade). Em boa parte do seu tempo era “ele e ele”, agora não mais, precisa conviver com muitas pessoas, na verdade, umas 120 pessoas.
Notamos uma certa troca de favores entre os detentos e funcionários, desde o padeiro, o enfermeiro, o médico, agentes e o próprio comandante. Quando falamos nesta troca de favores, associamos um pouco o passado, pois antigamente com a ausência do dinheiro a compra dos alimentos se dava por troca de objetos, produtos ou mercadorias.
Quando chega na Ilha da Salvação (Saint Joseph) começa a trabalhar com a limpeza das latrinas, tem a permissão de pescar e de ir para o jardim. Neste tempo, os peixes fisgados por ele eram levados para a casa do comandante (diretor do presídio) a pedido da sua esposa. Assim, foi conquistando a simpatia de Juliette que fazia questão da sua presença e dos peixes por ele recolhidos.
Infelizmente Papilon volta para a reclusão, onde ficará num período de oito anos, devido a morte de um dos detentos, que contou que ele estava construindo uma jangada para a sua próxima fuga. Tendo a certeza da pessoa que o delatou não pensou duas vezes para o assassinar, e assim o fez... com uma faca em suas mãos o golpeou, ocasionando a morte de Bebert Célier. Estando na reclusão, Papilon tenta sobreviver com toda escassez que é forçado a viver, isto é, recursos bem básicos, e na medida do possível tenta caminhar e preencher os seus pensamentos com mensagens e frases positivas sempre relembrando dos bons momentos que passou na sua vida, seja na infância ou quando esteve na aldeia dos índios (até o momento presente).
Há um momento no livro que explica como acontece e o que acontece quando um dos detentos morrem. Papilon fica arrasado quando descobre que é jogado no mar e os tubarões o devoram. Em uma das suas falas, Papilon fala que para ele é preferível ser devorado por um tubarão enquanto está vivo, pois assim constataria que estaria lutando pela sua liberdade e não como os outros detentos que não estão tendo a oportunidade de lutar por ela (“a liberdade”)
Até que um dado momento consegue alcançar a sua liberdade definitiva, e se construir, seja como um pai, um esposo e principalmente, uma pessoa digna, numa sociedade excludente.