Não tão branca

Não tão branca Jessie R. Fauset
Jessie R. Fauset




Resenhas - Não Tão Branca


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Adri 04/06/2021

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Apesar de trazer muita coisa interessante foi uma leitura um tanto morna a maior parte do tempo. Mas o final fez valer a pena.
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Victor 14/12/2021

Uma boa história, com excelentes reflexões sobre gênero e raça, e quadros que infelizmente persistem até os dias de hoje.

Sobre a história, como romance, em alguns pontos se tornou arrastada, apesar do apego inegável que se sente com Angela, Ginia e tantos personagens carismáticos.
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Lisa 23/05/2023

Os tons que existem entre o preto e o branco
Nascendo no Brasil crescemos com uma noção de raça ampla, afinal somos um país intrinsecamente miscigenado, o que, infelizmente, não nos isenta do racismo, tampouco dos dilemas de identidade racial. Contudo, nessa mistura o colorismo desempenha um papel de maior visibilidade e importância em nossa cultura, diferindo em muito da visão europeia e estadunidense. Esse último com sua intensa história segregacionista de apartheid e as leis Jim Crow, configurando uma nação que vê a raça pelo prisma simplista e reducionista da binariedade, se não branco, então preto; inclusive se não branco, então latino, como se fosse etnia.

"Nem tão branca" é um livro de 1928 e por muitas vezes me fez lembrar O Mulato do nosso Aluísio Azevedo. Mas se nós avançamos desde 1881, a ideia que Jessie Fauset apresenta aqui segue remanescente no US. Angela é uma garota branca, é também uma garota preta, mas para seu país é apenas isso, afinal tão somente um gota de sangue negro é o suficiente para ser rejeitada.

Angela é o que conveio a ser a denominado "preto de pele clara" ou "light skins". De tez clara, traços mais afilados e cabelo liso, tem passabilidade, aprendendo desde criança que ser branca é proveitoso, ser branca é como ela diz a diferença entre ser atendida em um hospital ou morrer fora dele. Marcada pela perda de inúmeras oportunidades ao ser exposta negra, nasce seu bordão "dizer que sou negra?! Claro que nunca te disse que sou negra. Por que deveria?" Certamente, porque deveria Angela ser julgada por tal? Ela assim decide, irá embora e será apenas branca. "Sou ao mesmo tempo branca e negra e pareço branca. Por que não devo declarar de acordo com a cor que me trará maior felicidade, prosperidade e respeito?"

Raça é sim um conceito complicado, no Brasil o IBGE faz uma pergunta crucial, "como você se declara?". Quem deve declarar a qual raça, credo, espaço o outro pertence? Raça não é apenas fenótipo, não é apenas cor. E com frequência esse sistema apaga raízes, retira o lugar de pessoas também nem tão brancas, entre o preto e o branco há uma escala de cor, há amarelos, há povos originários, há mistura, há dignidade.

Fauset nos apresenta diversas realidades, a do individuo que pode se passar por branco em sigilo e a daquele que carrega a cor em sua face e dela não recebe nenhum benefício. Se negra então não poderá frequentar certos lugares, terá medo. Se negra não pode receber certos prêmios de arte. Se negra não há disponível certas vagas de emprego. Se negra não pode morar em certos bairros. Se negra deve esperar as vagas que restarem após todos os brancos as terem preenchidos. Angela vê a historia de seu pai, de Virginia, sua irmã e mais para frente de uma colega, Rachel Powell.

Ao se tornar Angèle e rejeitar sua história, Angela descobre que o mundo ainda segue inóspito e injusto, há mais elos na hierarquia de opressão do que a raça, no final das contas ela é ainda uma mulher. Não basta apenas ser branca. E em um mundo que não é seu e sozinha, ser branca começa a pesar. É nesse meio racista que deseja viver? Ser branco significa normalizar essas maldades? Ela é negra, pode e quer calar metade de sua origem?

"Nem tão Branca" retrata o que a sociedade e seu racismo cria, o mal que faz para pretos e o mal que faz para todos os miscigenados. Angela pode ser vista como egoísta e até como racista, mas é principalmente vítima, alvo resultante de um meio que persegue e mata, de um ambiente que faz o sujeito desejar rejeitar quem é, se escondendo para caber onde menores males lhe alcançem. Um livro antigo e ainda assim, profundamente atual. Os apartheids caíram, mas também se remodelaram.
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Lauriza Maurício 29/12/2021

Pelo título e pela temática, esperava que o livro trouxesse mais reflexões.
É uma leitura meio lenta. Comecei com muita expectativa e acabei frustrada,porém leiam e tenham sua própria experiência.
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Talita379 12/05/2022

Alta expectativa, baixa cativação
Eu tinha grandes expectativas com relação à história devido à sinopse, e no começo realmente fiquei bastante empolgada e conectada com a narrativa. Porém, a partir do meio do livro perdi totalmente o interesse e só terminei por uma questão de "já cheguei até aqui".

Nas resenhas, muitas pessoas relatam a empatia que sentem com a personagem principal, porém eu particularmente não senti conexão nem com ela nem com outros personagens. Apesar deles serem bem escritos e terem suas personalidades próprias, a história não me cativou como eu esperava. Na verdade, até senti um pouco de raiva da Angela pelo o que ela fazia com os amigos e a família.

Além disso, a narrativa, que no começo segue uma linha mais descritiva das situações, quando chega no meio, vai pra um caminho muito reflexivo, com páginas e páginas de divagações, pensamentos e reflexões que me cansaram como leitora. Aliado a isso, os diálogos, apesar de em geral terem uma função e não estarem no texto de graça, são muito prolixos. Essa última característica, acredito que seja uma representação da época, mas que não me agradou.

Enfim, por causa das minhas expectativas, achei essa uma leitura morna, cansativa e que, apesar de ter um tema importante e interessante, não foi capaz de me cativar.
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Pablo Paz 24/07/2021

Angelical
"E era então que Angela se deitava exausta, desesperada, desnorteada, incapaz de lidar com a ferocidade misteriosa e aparentemente sem sentido da vida. Pois, se isso fosse uma punição justa por uma infração grave, que compensação haveria pelos anos em que fora uma filha zelosa, uma irmã amorosa? E, de repente, ela se viu invejando as pessoas possuidoras de uma fé religiosa e cega, as pessoas que podiam abaixar a cabeça submissamente e sussurrar: 'Seja feita a tua vontade'. Ela podia ver como, espancado e atormentado, alguém poderia cair em uma espécie de passividade cega, uma aceitação das coisas como elas são, mas nunca seria capaz de compreender a força que deu a alguém a imaginação para conceber um grande desejo, a tenacidade para se agarrar a ele, o emocionalismo para gastar em sua possível realização, mas que então, com um movimento descuidado, apagava o desejo como se nada fosse. (...) Mais uma vez ela pensou em morrer. Mas odiava desistir; algo inato, algo do espírito, que era mais forte do que sua vontade corporal, iniciou uma luta obstinada, e ela estava muito machucada e dolorida para combatê-la. Tudo bem, disse ela para si mesma, vou continuar vivendo." (pp. 252-53).
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JenniferIRSouza 18/11/2023

Duas irmãs negras, mas uma delas "não tão negra", a ponto de poder se passar por branca. O simples fato de Angela ter nascido com a pele mais clara do que Virgínia fez com a visão do mundo e as experiências de vida delas, fossem completamente diferentes. Ou nem tanto...
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isa.dantas 12/11/2021

Fazia muito tempo que não lia um livro por horas. A escrita é bem tranquila e traz o tema do colorismo, e é um livro bem feminista também. Angela é uma personagem forte. O final pode soar um pouco panfletário, o que acho que tem a ver um pouco com a epoca. De maneira geral, gostei bastante.
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Carolina.Milczanow 26/11/2023

Um tema incrível com personagens chatos
Não sei bem como avaliar esse livro já que gostei muito do início e do fim, mas descartava todo o meio dele.
Um livro de apenas 245 páginas que ficou longo com tanta ladainha do Roger (que por sinal, que personagem insuportável), já a Angela, nossa protagonista, tbm consegue ser insuportável, mas vê-la amadurecer ao longo do livro é muito bonito. Sua jornada de autodescoberta é dolorosa e necessária, o que deixa o leitor agoniado junto com ela em certas situações.
É um livro com um tema extremamente necessário e que apesar de ser enrolado no meio soube passar bem a mensagem queria. Realmente não é um livro para todos, não adianta ter adquirido o ritmo de leitura agora e cair aqui de paraquedas, pois com certeza entrará em uma ressaca literária.
Enfim, recomendo muito pelo tema, mas pelo livro em si não. Acho que existem livros com o mesmo tema racial mais fáceis de serem digeridos.

Após essa resenha descobri que o livro é dos anos 20. Para um livro de 100 anos é incrível como é atual ainda. Posso não ter gostado tanto por ser um livro antigo, mas sem sombra de dúvidas é incrível e merece ser lido!
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Kekeu 10/12/2021

Resgate
Um resgate da literatura necessário para nossa sociedade... Grande acerto da editora Escureceu! Também fiquei feliz em saber que exemplares foram doados para algumas bibliotecas.
Quando li a obra lembrei da série Lovecraft Country com a personagem Ruby.
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Laris 31/12/2021

Como a raça pode afetar a vida
Um livro muito bom, as vezes pegamos entediados em algumas passagens, mas acho que representa o sentimento da protagonista, sem entender bem a si. Uma história para compreendermos como a cor/raça pode afetar a vida das pessoas.
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Dani Pontes 24/10/2022

Colorismo
Incrível que o livro tenha sido lançado em 1928, sendo escrito por uma mulher negra naquela época!! O mais triste é q tem tanta coisa ainda atual no livro...
O livro fala de racismo, colorismo (sem usar o termo, claro), auto descoberta e mta superação!!
Adorei e recomendo!!
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Sarah 17/12/2021

Apoiar esse projeto foi uma das melhores coisas que fiz...
(...) e me rendeu uma edição belíssima, de uma autora que eu desconhecia e com muito a dizer.

Adorei a narrativa da Jessie Fauset, ela tem uma clareza nas ideias que é muito bom, por mais que não dissesse o ponto de vista de quem estávamos vendo, por poucas coisas era possível identificar. Além disso, tem um espaçamento muito bom na história, o que nos dá uma clara visão de quem é a Angela e quem ela quer ser e o abismo que se encontra nesse meio. É uma história um tanto trágica, Angela acaba se perdendo nas suas escolhas, perdendo toda a sua identidade e esvaziando ela mesma de um significado; é bem triste quando ela finalmente percebe que sua busca falta objetivos e que ela sacrificou muito mais do que deveria para seguir um caminho tão incerto, a falta de perspectiva da personagem é assustadora. Mas acredito que muita coisa melhora quando ela enfim reconhece esse vazio, buscando aprofundar - enfim - suas relações, ao invés de apenas buscar um sucesso - seja lá qual fosse e em que fosse.

O comentário racial que permeia todo esse livro é muito bom, a própria Angela coloca em cheque muitas vezes esse plano de se passar por uma pessoa branca, pois isso machuca a ela (que está sempre mentindo, afastando a irmã e qualquer um que possa conhecê-la demais), outras pessoas também ao seu redor e principalmente a sua raça. Ela é preta, mas não passa por aquilo que os outros passam por não ter estampado em sua pele tal condição, o que a faz perguntar se é realmente (in)justo que ela se passe por branca para remover obstáculos. A maioria dos pretos que ela conhece não têm esse poder e muitos também dão à entender ter muito orgulho dentro de si (pessoal e racial), acontece que o objetivo dela é sempre muito maior. E ela certamente não está errada, nem certa. Tudo que ela faz é passível de crítica, ao mesmo tempo que é justificável com tudo aquilo que ela pode evitar. Angela é um espírito livre e é preciso muita força (eu queria dizer coragem, mas não queria chamar a Angela de covarde, ela apenas corta caminho como achou que seria melhor; escolhi força não no sentido de chamar Angela de fraca, mas de frágil, ela não tem o melhor dos históricos quando as pessoas descobrem que ela é negra, isso sempre a machucou muito, pela maneira como o sangue dela mudava todo o tratamento que recebia, sendo que ela não tinha mudado nada) para carregar uma cor não branca em uma América racista, que rapidamente cortaria suas asas e a prenderia em algum lugar bem longe de seus grandes sonhos.
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Renata 17/12/2022

O livro é bem parado até mais ou menos os 70% quando começam enfim acontecer coisas, até lá é só a história de uma protagonista desagradável.

O que ela faz com a própria irmã é imperdoável, o que faz com a própria raça também.

Pra mim é muito difícil ler um livro em que não gosto do protagonista e foi esse o caso.
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Taiane.Anhanha 28/12/2023

Livro de 1928, mas com debates atuais e necessários
Eu não conhecia essa leitura, sequer tinha ouvido falar do título ou da autora. Fui convidada para ser banca de um TCC em que a pesquisadora iria olhar para essa obra através de uma perspectiva história. Assim, me propus a ler o livro completo. A primeira leitura foi meio rápida para dar tempo da banca, mas resolvi fazer uma segunda leitura mais atenta aos detalhes e foi muito bom!

Cara, é um livro complexo e maravilhoso. Mais ainda porque estamos falando de um livro de 1928! Ele foi traduzido somente em 2021, o que demonstra também o pouco interesse que se tem em publicar obras de autoras negras no Brasil (não só esse, mas existem outras casos de obras que demoram anos para serem traduzidas, justamente de mulheres negras).

Jessie, aurora, fez parte do Renascimento do Harlem, um movimento estadunidense de intelectuais negros e suas celebrações nos mais diversos tipos de artes. Infelizmente, ela foi invisibilizada, por ser negra e ser mulher. Mas que bom que mesmo anos depois podemos celebrar sua obra e genialidade de escrita.

O livro conta a história de Angela e sua trajetória tão singular. Morando com sua família na Filadélfia da década de 1920, ela tem uma irmã e pais presentes e amorosos. Ela e sua mãe, possuem o tom de pele que oferece a elas a oportunidade de se "passarem" por brancas, mas elas não são. O pai de Angela e sua irmã, Virgínia, são negros de pele mais escura. Toda a história se passa com essas questões. Angela fala de ter tido sorte e ela realmente tem...em um tempo em que a cor de pele define TUDO, até mesmo quem pode entrar no cinema ou não, ela resolve que poderia se passar por branca. Na sua cidade, ela era conhecida, mas quando surge a oportunidade dela ir para Nova York, um novo mundo se abre e lida como branca, ela não vê nenhum motivo para não agir como tal e nem de dizer "hey, na verdade eu sou negra" (mesmo quando poderia).

Muitas vezes vamos sentir raiva de Angela...eu senti demais kkkkkkkkk mas ela aproveitou tudo que podia, ela se justifica inclusive, será que podemos julgar? Eu julgo porque para mim ela passou por cima de princípios básicos para se dar bem. Em Nova York ela enfrenta dificuldades, mas muitos amigos, felicidades e amores. Um deles é Roger que já digo que é o ser humano literário para mais desprezível do mundo, eca!

Quando sua irmã, Virgínia, resolve ir para Nova York muita coisa muda e que bom.
As personagens são adoráveis em certos sentidos e passam uma relação de amizade e companheirismo bem legal!

No fim o livro é sobre isso: amores, perdas e busca por identidade. E é tão legal ver que lá em 1928 a Jessie levantou essa debate em uma ficção muito bem escrita. Colorismo é um tema polêmico ainda hoje em todo mundo.

O que foi escrito aqui não é nem 5% do livro, ele é bem mais complexo, com diálogos enriquecedores e cheios de reflexão. Talvez em algum momento ele se torne meio lento, mas para mim não atrapalhou em nada. Eu super indico para quem gosta de um livro que trata de romance, mas que também passa por problemáticas sociais e raciais.

Que bom que Jessie está sendo lida no Brasil e reconhecida!
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