Lucas 12/10/2021
O que eu quero? Quero ver Grady Hendrix na cadeia!
Quando penso de um modo geral, TFGSG é um livro bom. Tem um enredo novinho, desenvolvimento de personagem bonitinho, parece atrativo e tal; mas, quando paro pra pensar nos detalhes, começo a ver umas partes não tão agradáveis durante a leitura. Pra começar: o excesso de personagens. São muitas final girls que, às vezes, tive que forçar a memória pra lembrar qual era a história dela, qual era o nome do assassino, qual era a referência cinematográfica dela. Então, fora elas, ainda havia os outros personagens e acaba tudo se transformando em uma tsunami de gente pra lembrar quem era fulano, quem era ciclano. Por exemplo: a Michelle, namorada da Dani --- uma das final girl. Seria mesmo necessário a criação da Michelle mesmo? A Dani não poderia namorar uma Final Girl, não? Outra personagem não poderia assumir a função de ter uma doença terminal e vivenciar um relacionamento com a Dani mesmo? Era necessário criar uma outra personagem? E a Marylin, Julia e a Heather que tiveram um arco impressionante, né? Nem vou entrar em detalhes...
É engraçado mencionar que, algumas partes, são bem repetitivas, sendo pensadas, remoídas pela protagonista a todo momento; mas alguns outros detalhes, o autor mencionava uma vez e a próxima ficava na mão de Deus.
Sobre a rotina de cuidados da Lynette. Nos primeiros quarenta por cento, você lê de boa, acha interessante a visão que ela tem de perigos, a hipervigilância, os cuidados e tal, mas, depois, fica um negócio repetitivo, chato, dá vontade de pular, porque vai tendo mudanças no cenário constantemente e a Lynette quer tomar as precauções e fica mais uma vez naquela: de novo isso, meu deus? Chega até a lembrar o livro "No Escuro", em que a protagonista sofre de TOC. Mas, diferentemente de No Escuro, que há uma quebra com capítulos intercalados entre passado e presente, dá um alívio ao leitor de ler o mesmo "sistema"; aqui, é um atrás do outro, o que deixa entediado e impaciente.
Também: resumões no meio de uma ação. Odeio isso! Odeio muito quando tá acontecendo uma coisa entre os personagens e o autor resolve, de repente, interromper a ação pra passar um resumo de alguma coisa que leva umas três, cinco páginas lendo. Corta o clima totalmente e nesse livro há muitas partes assim. Sem contar de capítulos arrastados que revelam uma coisa importante aqui e ali no meio de dezessete páginas.
Mais uma: erro no tom. Esperava um livro de terror, principalmente que é vendido com final girls e a Lynette lembra o leitor sempre que ela é uma final girl, porque a cada quatro parágrafos, ela tinha que falar que é uma final girl --- eeei, bobinho? Sou uma final girl, tá? ---, então: queria um terror, mas a história tem um ar mais de um mistério policial, de filmes políticos com ar conspiratórios. O terror todo está somente nos traumas das final girls, fora isso, não há em mais nenhum lugar. Quem esperava um mistério no estilo de "O Chamado", "O Grito", "Halloween" (igual a mim), vai se decepcionar.
Sobre a reviravolta principal: eeer, Wes Craven não fez uma parecida e com o mesmo contexto há alguns anos, não? Não achei grande coisa e com alguns problemas. Cai naquela de: é assim, porque é assim e tem que ser assim. Preguiça.
Sei que vai ter uma adaptação para os cinemas e espero que o roteirista que for pegar, mude muita coisas. Se um dia eu digitei que a Jessica Chastain deveria protagonizar esse livro, eu não me lembro.