Sâmara 05/04/2021Willy Wolters tinha um sonho: ser maestrina. Mas em 1926 as mulheres não podiam exercer essa profissão, muito menos ser musicista. Apesar de ter dois empregos, todo seu salário era entregue nas mãos de sua mãe. Willy era holandesa, mas vivia nos Estados Unidos há anos, e nunca soube a razão para ter saído de sua terra natal.
Quando descobre o real motivo para essa súbita mudança, Willy se descobre Antonia e vai atrás do seu passado e de seu sonho. Uma história real, que transcende o tempo e nos provoca admiração e respeito por essa mulher.
Esse livro conta a história de Antonia ao longo da década de 20 e 30, mas ao mesmo tempo consegue ser muito atual. Naquela época, ela teve que conviver com o machismo e o preconceito por querer uma profissão onde apenas os homens se destacavam. Isso não é diferente de hoje em dia, o que nos provoca uma reflexão, já que várias mulheres sofrem com isso diariamente, sendo julgadas de incompetentes.
Apesar do livro trazer um romance e girar em torno disso em grande parte, não gostei da figura do Frank (o grande amor da Antonia). Ele muitas vezes procurou manipular o rumo da história da maestrina, fazendo com que ela desistisse de todas formas de seu sonho. Ele se tornou uma figura egocêntrica, que não enxergava o melhor pra ela e sim para si.
Fiquei em choque quando vi que ela nunca conseguiu ser a regente titular de nenhuma orquestra, por mais que ela houvesse sido a pioneira, a Academia nunca admitiu isso para uma mulher. Em 2008 e 2017 saíram listas com os melhores regentes de todos os tempos, e nenhuma mulher compôs a lista.
O livro traz pontos de vista alternados, não só entre a Antonia e o Frank, mas também do Robin. Podemos conhecer mais de cada um, assim como seus medos e dores. Achei incrível os personagens secundários terem grande importância na trama.
A obra é recheada de fatos históricos! Mostrando a ascensão de Hitler na Alemanha, a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, e a grande crise provocada.