@apilhadathay 24/03/2012
A little bit disappointed
ATENÇÃO! Pode conter muitos spoilers!!
Esta é a resenha do último livro de uma trilogia, logo entrou na regra do mês de MAIO do Desafio Realmente Desafiante. Bem, este é um momento triste, uma das minhas resenhas mais difíceis. A conclusão da trilogia Dragões de Éter nem de longe me arrebatou como o primeiro volume, ou me emocionou como o segundo.
A capa mais uma vez precisa ter nota máxima, porque o projeto de Renato ficou lindo, e as três capas receberam meu conceito máximo. Também a diagramação interna, que é super confortável à leitura: a fonte, o papel, espaçamento e distribuição dos capítulos. Porém, a revisão poderia ter sido bem mais generosa: encontrei vários erros de digitação que poderiam ter sido consertados antes da publicação; o enredo e a conexão com a história também não foram exatamente o que desejei, mas vou me aprofundar mais adiante.
"É preciso seguir em frente. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."(P. 27)
Havia algo, durante todo o livro, que me impedia de entrar de cabeça e de coração na história e honestamente segui lendo apenas por causa do estilo de Draccon de puxar o leitor, ao fim do capítulo, e da curiosidade por saber como tudo terminava.
A narração da guerra foi longa e, a meu ver, exaustiva para a minha experiência de leitura. Aliás, li todo o período que antecedeu a guerra de forma mais lenta, exceto as cenas com João e/ou Ariane, que brilharam em espaços isolados. Alguns personagens não tiveram o destino que esperei; outros ficaram com desfechos suspensos no ar; fomos apresentados a muitos novos personagens, quando os personagens já existentes poderiam ter crescido na história. E inserir referências à história bíblica, da forma como foi recontado, não me convenceu: acredito em separar ficção da realidade, e não há o que se recontar sobre a história de Cristo ou envolvê-lo com... Merlim (oi?). Pode parecer ortodoxo de minha parte, mas é a sensação que me deixou, essa parte da história.
Minha opinião flutuou bastante, em relação aos dois primeiros livros: no início, era interessante que houvesse referências a outras histórias e personagens famosos da ficção e da fantasia, recontados com as cores do éter - isso foi o que me conquistou, porque vi ali um projeto super interessante. Mas o terceiro livro me deixou a impressão de que foi construído só de referências; ele não abriu muito espaço para a história própria de Nova Ether, além da iminência da Guerra, nem para o desenvolvimento de seus protagonistas, tão fortes em "Caçadores de Bruxas" e "Corações de Neve" - e que poderiam ter sido os grandes heróis ali.
A forma de narrar, como um filme, saltando entre cenas para nos deixar ansiosos pela continuação da passagem de determinados personagens, é uma característica maravilhosa que Draccon levou até o fim, e a bem da verdade, foi o que me fez ler até o final. Isso, e o traço filosófico que a história carrega, com as grandes reflexões sobre o homem, amor, vida, trabalho e amizade, entre outros valores.
"Todos possuímos algo que escondemos. Todos gostaríamos de ser outra pessoa de vez em quando. Todos guardamos o melhor e o pior do mundo dentro de nós."(P. 35)
Apenas o fim de um personagem, eu absolutamente amei: João. MERECIDO, depois de tudo que ele passou, tantas provações, é o meu personagem favorito; bem, ele e Ariane. Junto a este casal jovem, tenho de citar Snail e Liriel: são meus dois casais favoritos na história, por isso não gostei do ponto em que ficaram as coisas entre eles. Faltaram dois casamentos ali, ou, no mínimo, cenas mais profundas, que explorassem melhor seus relacionamentos. Tampouco curti como a história de Maria e Axel se desenrolou - isto ainda me dá nos nervos, porque não havia razão para eles terminarem, ou para Axel esconder sua prometida!
Enquanto isso, outros personagens me deixaram com o pulmão inflado. Explico: sabe aquele momento de suspiro, imaginando "agora teremos a amostra de alguém realmente poderoso"? Mas aí, o tal personagem que poderia ser gigantesco não ganhou o destaque que merecia. Tive alguns desses suspiros, por exemplo, com os Cavaleiros de Helsing, de quem tanto esperei, e com o poder de Liriel. Questionei todo aquele treinamento.
"- Ela me ensinou que existem apenas quatro perguntas na vida: O que é realmente sagrado?, Do que é feito o espírito?, Pelo que vale a pena viver? Pelo que vale a pena morrer?
- A resposta de todas elas é a mesma: só amor. Apenas amor." (P.101)
Admirei a inspiradora filosofia de vida de João Hanson - que protagonizou as melhores cenas de ação e, no fim das contas, as melhores sequências do livro - e também a animação de 300 V de Ariane Narin, que me fez gargalhar em suas breves passagens. Ela é um personagem fofo, do tipo de amiga que você quer ter, e uma lembrança inesquecível quando falo desse universo. Tanto ela como João vão fazer muita falta.
Porém, na minha opinião, o livro terminou em um tom inconclusivo, com o surgimento de mais um personagem ao fim, e me desapontou, em um panorama geral. Há leitores comentando que pode haver mais um livro para completar a série, mas eu não acredito que isso venha a ocorrer. Quem se interessar por ler a saga, eu particularmente recomendo apenas pelos dois primeiros livros, que são excelentes.
Confiram as notas específicas e na resenha completa, no Canto e Conto:
http://canto-e-conto.blogspot.com/2012/03/resenha-dragoes-de-eter-circulos-de.html