letscia 28/05/2023
Começa máquina e termina Clarice.
? Não se faz uma frase, a frase nasce.
Seria eufemismo dizer que eu fiquei encantada (mais uma vez!) com a escrita da Clarice, até porque foi além.
A espontaneidade dela é contagiante, o mais incrível talvez seja como ela vê o objeto como coisa viva.
A escrita, o objeto, o espaço, tudo vive por meio de Clarice. Em alguns momentos, quando ela fala sobre máquina, eu já não sei mais se ela está falando de si, ou da máquina. Não sei nem mesmo se são algo diferente, nessa relação tão simbiótica.
Essas histórias não tem a pretensão de criar personagens fictícios ou universos fantasiosos, são pensamentos, sentimentos e momentos.
Gostei da forma como ela colocou arte como um processo, não como um estado inicial, como uma jornada em rumo aos predicados.
Interessante as palavras 'respirarem', as frases 'nascerem', as histórias 'quererem ser ditas', é como se ela mostrasse a todo momento ao leitor que as palavras vivem e pulsam a cada página.
A história se apresenta, por si só, ela se desenvolve e Clarice Lispector apenas registra, ela é a máquina, e ao mesmo tempo também é a mensageira.