Rick-a-book 11/11/2009
Retrato de um Dostoiévski Quando Jovem
Após o estrondoso sucesso de Gente Pobre (1846), praticamente toda a intelectualidade russa ficou a espera do próximo grande livro que Fiódor Dostoiévski estaria por entregar a seus ávidos leitores.
Em fins de 1847, Dostoiévski, que estivera trabalhando se A Senhoria por cerca de 13 meses, recebeu inúmeras críticas, a maioria ruim, inclusive daquele que fora seu maior propagandista, o crítico russo Bielínski. Este tratara a obra como "um disparate, fruto da fantasia mirabolante do autor".
É certo que as ditas inovações de Dostoiévski com relação ao foco narrativo, principalmente a ligação entre o protagonista, o intelectual Ordínov e sua amada e misteriosa senhoria, Katierina, restaram totalmente incompreendidas pelos leitores e críticos de seu tempo. Apenas com a entrada do século XX e seus leitores ansiosos por novas correntes de estilo daria à obra o seu devido valor. Afinal, à época, o autor contava com apenas 26 anos de idade e, em grande parte deste conto-novela pode-se perceber as influências que o levariam mais tarde a escrever obras-primas como "Memórias do Subsolo".
Ainda que seja um livro pequeno e que permita certa fluência na leitura, a estrutura narrativa e o foco da história são imprecisos: fica complicado seguir o relato, uma vez que ele não possui um fio condutor definido.
Vale mais como estudo sobre o autor, pois, a leitura, arrisco dizer, pouco acrescenta ao amante da boa literatura.