Laura Brand 11/01/2021
Nostalgia Cinza
Se encantar por uma série é um dos maiores prazeres na vida de um leitor. Descobrir que, a cada volume, a história consegue ficar melhor é um bálsamo pouco comum e muito precioso. Rastro de Sangue é uma das minhas séries favoritas e no terceiro volume, O Grande Houdini, Kerri Maniscalco mostra exatamente o porquê. Saiba mais!
Em Jack, o Estripador somos apresentados à Audrey Rose e conhecemos a fundo essa protagonista incrível, ao mesmo tempo que temos acesso ao seu primeiro envolvimento na investigação de crimes horrendos. Em Príncipe Drácula temos uma dinâmica ainda mais explorado entre Audrey e Thomas, e somos fisgados de forma ainda mais intensa pela escrita de Kerri Maniscalco. Já em O Grande Houdini, temos acesso ao que essa série traz de melhor: mistério, romance, investigação, tudo embrulhado em ambientações apaixonantes e enredos arrebatadores.
Assim como nos livros anteriores, a história não demora a começar e o primeiro capítulo já nos deixa com um belíssimo cliffhanger. Kerri Maniscalco tem uma habilidade ímpar de prender o leitor do início ao fim, explorando os dilemas da protagonista, seu olhar apurado e desconfiado para com os acontecimentos ao seu redor, sua percepção do ambiente, a própria ambientação e os personagens coadjuvantes que ganham a cena e deixam o leitor querendo mais.
Audrey Rose é uma das minhas protagonistas favoritas porque ela reúne algumas das características mais interessantes, aos meus olhos: é inteligente, à frente do seu tempo, decidida, aventureira, instigante e intrigante. Audrey Rose questiona, de forma constante, o papel da mulher na sociedade vitoriana, sendo ela própria uma mulher disposta a quebrar paradigmas e escrever uma história que foge dos padrões.
Audrey Rose e Thomas Cresswell também são um dos meus casais favoritos dos últimos tempos. Kerri Maniscalco construiu uma dinâmica irresistível entre os dois jovens e é difícil não se sentir completamente fisgada pela química do par. Ambos são personagens que destoam bastante, com personalidades bem marcantes, mas que funcionam muito bem juntos, tanto como casal, quanto como protagonistas.
É muito interessante observar como um estimula o outro, como ambos são peças-chave em um enredo que mistura mistério, investigação e romance. Thomas também é bem à frente de seu tempo e não é nem um pouco difícil entender porque ele vem se tornando um dos queridinhos dos leitores. Com seu par romântico, Kerri Maniscalco cria uma perfeita relação de parceria que também serve de inspiração não apenas para leitores, mas para escritores que buscam criar histórias de amor atemporais.
Mesmo sendo um livro com descrições explícitas sobre cadáveres, assassinatos e ter uma atmosfera de suspense, é um livro também claramente pensado para um público mais jovem. Por isso fico cada vez mais satisfeita em ver protagonistas principalmente femininas sendo retratadas e pensadas da forma que Audrey Rose é. É realmente bem empolgante pensar que o futuro da literatura tem tudo para ter cada vez mais personagens femininas fortes, independentes, inteligentes e envolventes assim.
Kerri Maniscalco tem uma habilidade ímpar de usar figuras icônicas e elementos históricos para criar uma narrativa absurdamente irresistível. Assim como nos dois volumes anteriores, ao final do livro ela mesma explica algumas liberdades poéticas que tomou durante a criação da história, explica as ideias por trás de algumas das escolhas narrativas e que dizem respeito ao desenvolvimento dos personagens, corrige algumas imprecisões e alterações feitas em prol do livro e mostra como ela sabe exatamente o que está fazendo.
O único elemento negativo que tenho a pontuar é que esperava que o ícone que dá nome ao livro aparecesse com mais frequência na narrativa e tivesse sido mais explorado. Gosta bastante da forma como Maniscalco usa da atmosfera dos livros da série como catalisador para o desenvolvimento da protagonista, mas em O Grande Houdini, em específico, gostaria de ter tido mais acesso a esse personagem, ainda mais levando o contexto que a autora conseguiu explorar.
Kerri Maniscalco acerta em cheio, mais uma vez, ao escolher figuras, histórias e lendas como Jack, o Estripador, Drácula e Houdini e entregar para o leitor narrativas repaginadas. A autora sabe muito bem como usar o que existe de mais icônico em cada uma dessas figuras e, ao mesmo tempo, criar histórias únicas e completamente surpreendentes. No limiar entre a ficção e a realidade, Maniscalco desenvolve um enredo viciante e que poderia muito bem se estender por muitos volumes ainda.
O Grande Houdini eleva ainda mais o nível da série Rastro de Sangue e não posso deixar de ficar nostálgica por saber que o próximo volume será o último. O Grande Houdini é o terceiro livro dessa série e já mal posso esperar para o quarto e último volume, onde seremos apresentados ao assassino da cidade branca. E, caso queira saber mais sobre essa figura icônica, confira a resenha de H.H. Holmes (https://www.youtube.com/watch?v=v3b563pblyg)!
site: https://www.nostalgiacinza.com.br/2021/01/resenha-o-grande-houdini.html