Margarida La Rocque

Margarida La Rocque Dinah Silveira de Queiroz




Resenhas - A Ilha dos Demônios (Margarida La Rocque)


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Toni 26/05/2022

Leituras de 2022 | Cortesia da editora

Margarida La Rocque [1949]
Dinah Silveira de Queiroz (SP, 1911-1982)
Instante, 2022, 208 p.

‘Margarida La Rocque’ ainda ia a meio da leitura quando me descobri seu mais novo (ainda que tardio) devoto. Conhecia a autora de nome e por uma breve menção, durante a graduação em Letras, à impossibilidade de classificar sua obra nas vagas regionalistas ou urbano-psicológicas da literatura brasileira das décadas de 1940 e 1950. Mas nunca a tinha lido, e começar por aqui me encantou. Exímia contadora de histórias, Dinah é capaz de transformar fórmulas gastas em complexos percursos narrativos, de relatar sonhos e delírios com vivacidade assustadora, de mostrar o avesso do fantástico no aprofundamento ambíguo da psique de sua protagonista. Uma autora, com efeito, inclassificável.

Em meados do século 16, a narradora-protagonista deste romance é abandonada na misteriosa “ilha dos demônios” como punição após uma falta grave cometida a bordo do navio do “vice-rei das novas terras.” Acompanhada de sua aia, Juliana, e de seu amante João Maria, Margarida logo percebe que, aliada aos descompassos de uma paixão desmedida, a condição feminina de subalternidade é, por si só, capaz de povoar um paraíso de demônios e outros seres mesquinhos. À medida que os dias viram meses, a ilha ganha corpo, voz e inúmeros olhares sobre o trio de exilados, deixando o insólito tomar conta de suas certezas mundanas e espirituais. Profundamente perturbador, o romance entrega personagens complexas e contraditórias sufocadas pelo desconhecido e, em igual medida, aprisionadas às convenções e estruturas opressoras do mundo ao qual desejam retornar.

Assim que chegou o livro, fui cativado pela belíssima edição, seduzido pelos elementos da narrativa anunciados na quarta capa (viagens quinhentistas, terror psicológico, atmosfera fantástica) e maravilhado pelas palavras que abriam o texto: “Padre, não vos faço uma confissão.” O resultado dessa interlocução é uma história entre a devoção religiosa e a apostasia, cuja amplitude de sentidos e elaboração simbólica são tão potentes e insondáveis quanto a própria ilha que a tornou possível.
Nanda 02/06/2022minha estante
Tão bom não é?
Foi o meu primeiro favorito de 2022!
Feliz que essa obra de terror é um clássico brasileiro!




Fabi 15/12/2023

Dinah Silveira de Queiroz, através de Margarida La Rocque, é uma contadora de histórias que prende a gente nas primeiras linhas da narrativa.

Eu amei tudo neste livro, a protagonista, o surreal, o cenário, os seres que aparecem e a imparcialidade da narração que sempre te deixam questionando o que de fato está acontecendo?

Queria que mais gente conhecesse essa joia!
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Carol 10/04/2022

Impressões da Carol
Livro: Margarida La Rocque {1949}
Autora: Dinah Silveira de Queiroz {Brasil, 1911-1982}
Editora: Instante
208p.

"Padre, não vos faço uma confissão." p. 15?. Basta a primeira frase de "Margarida La Rocque" para que o leitor não deseje mais largar essa leitura espantosa.

Em tom confessional, mas sem arrependimentos, Margarida narra sua história a um padre, como forma de entender tudo por que passou desde seu nascimento, sob o jugo de um mau fado - o de que iria vivenciar o inferno em vida - até o período em que é resgatada da Ilha dos Demônios.

Durante a infância, Margarida se interessava pelas histórias de aventuras contadas por sua aia, Juliana. Por esse gosto, casa-se com Cristiano, um aventureiro das novas terras. Após o sumiço do marido, convece seu primo, Roberval, a embarcar numa expedição à Nova França. No navio, apaixona-se por João Maria, tornando-se adúltera e é punida, junto com a pobre da aia, com o exílio na tal Ilha.

Margarida La Rocque é uma personagem interessantíssima, ainda que, eventualmente, sua queda esteja ligada a um macho. Uma mulher que não se resigna, nem se limita ao papel esperado para uma moça do século XVI: o ambiente doméstico e patriarcal.

Além disso, a escolha de Dinah por uma narração, em primeira pessoa, da protagonista, engrandece demais o livro. Primeiro, ao dar voz à mulher, tantas vezes silenciada na literatura e vista apenas como um objeto narrativo. Segundo, ao inserir dúvidas sobre a materialidade do que está sendo narrado.

É dessa falta de certezas que surge o "maravilhoso" ou o "estranho" no enredo. A lebre falante Filho, a mulher sem face Dama Verde, o espectro sem corpo Cabeleira e outros habitantes da Ilha dos Demônios são criaturas reais ou apenas sintomas do adoecimento mental de Margarida, devido ao exílio? Cabe ao leitor preencher as lacunas e decidir.

"Margarida La Rocque" é um livro espantoso. Publicado em 1949, foi pioneiro do fantástico na nossa literatura. E a cereja do bolo, o feministo Oswald de Andrade quase teve uma síncope, por inveja de Dinah, devido ao sucesso alcançado pelo livro na França. Enfim, leiam!
Nanda 27/04/2022minha estante
Terror psicológico dos bons! :)




Cris 02/05/2022

02.05.2022
Nossa, a história me prendeu de uma forma que não consegui parar de ler. Margarida La Rocque era muito cuidada pelos pais, mas tinha uma vida pacata e na primeira oportunidade resolveu se aventurar aceitando se casar com um aventureiro do mar. Fora morar na França e após o sumisso de seu marido, resolveu embarcar em um navio que seu primo trabalhava para ir procurá-lo. No entanto, a narrativa deixa claro de que ela foi, não por amor a ele, mas pela aventura que viveria. Assim, embarcou com sua aia Juliana e teve um romance com um funcionário chamado João Maria. Quando seu primo soube, deixou-as, como castigo, em uma ilha conhecida por ilha dos demônios, pois acreditava que Margarida, por ser casada, o tinha envergonhado perante à tripulação. Logo, João Maria apareceu à nado na tal ilha. Em meio à sobrevivência, isolados de tudo e de todos, foram ficando frustrados pois acreditavam que ninguém seria louco de atracar nessa ilha para resgatá-los. Ilha que era conhecida por ser habitada por seres malignos. Será até quando um ser humano aguenta viver nesse tipo de lugar, onde precisa fazer coisas que antes repudiava para sobreviver? E será que vale a pena sobreviver nessas condições? Será que a loucura ajuda, em parte, ou é determinante para enfrentar o dia a dia? Ou tudo é realidade. São questões que me fez pensar enquanto lia esse livro.
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GiuLaganá 26/11/2022

Ilha dos demônios internos?
Neste lindo livro de Dinah Silveira de Queiroz nos deparamos com demônios internos, que se revelam conforme os dias e noites passam nesta Ilha habitada por seres fantásticos e também cruéis.
A natureza pode ser ao mesmo tempo salvadora e algoz.
Mais uma obra prima de uma escritora pouco conhecida pela maioria dos brasileiros, mas que possui grande valor literário.
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Mari Seitz 04/06/2022

Adorei muito esse livro, ele te faz pensar em várias coisas sobre a sociedade em que vivemos, os nossos valores, crenças, julgamentos e etc.
A linguagem dele é fácil, mas se você não tiver focado pode ser que você fique boiando um pouco ou perde informação hahaha.
Mas mesmo assim é uma leitura que vale muito a pena ler!! Criei várias teorias sobre!!!
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leiturasdaursula 23/03/2024

Meio "fumado" mas é bom
Em 'Margarida La Rocque', Dinah Silveira de Queiroz nos presenteia com uma obra que nos transporta para o cenário encantador do interior brasileiro, onde os personagens ganham vida em meio a tramas familiares e segredos do passado. Uma narrativa envolvente que nos leva a refletir sobre os laços que nos unem e as escolhas que moldam nossos destinos. Uma leitura cativante que nos convida a explorar as complexidades do amor, da amizade e da identidade.
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Emilia.Andrea 06/06/2021

Aos Loucos e Solitários : quem adverte amigo é?
Margarida La Rocque, na Ilha dos Demônios, tem um diálogo com a entidade "Dama Verde", que esclarece e, o seu esclarecimento pode servir de advertência:
"Temos direito sobre os loucos, e os solitários. Minhas irmãs me ensinavam. É a nossa lei.
E a voz, fininha, como um fio de cristal:
"-Com os loucos temos comércio, de direito. Ninguém se fia em palavra de louco, ele não nos pode trair. Se contam os doidos nossos segredos...
E a voz subia, subia, como seta:
-Não há prejuízo para nós...Também as pessoas solitárias são nossas, de direito, porque não têm com quem desfazer o nosso mistério. E agora és nossa!"
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Nanda 27/04/2022minha estante
E como é narrado pela Margarida,
fica complicado decidir kk ?




Fabíola 12/12/2023

É uma ótima leitura, a experiência foi bem maluca, me fez lembrar de Alice no país das maravilhas por causa da lebre e outros acontecimentos anormais para o nosso "mundo real".
Recomendo a leitura e que conheçam a Dinah, é uma autora talentosa e que não é muito lembrada.
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CSK 07/07/2023

Livro com uma leitura fluida, mas a história não me pegou.
Achei surreal demais, forçada demais, a protagonista irritante demais.
Loucura? Fantasia? Terror? Realidade?
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Alessa 10/12/2022

Fui seduzida por esse livro quando comecei a ler por recomendação de uma antiga professora de português. É de certa forma um tanto quanto difícil de entender, porém com o costume, se tornou agradável.
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