Natália 06/06/2020O livro reúne diversos contos de escritores renomados sobre gatos. Alguns deles tem um tom mais de fábula, mais fantásticos, outros são um pouco mais reflexivos sobre a condição de existência do gato. Tem até mesmo um conto de terror do Edgar Alan Poe e o horror cósmico de H. P. Lovecraft.
Destaco aqui alguns dos meus contos preferidos:
“O gato” de Théodore de Banville, que posso dizer é quase uma tese ou análise filosófica do gato. Gostei muito da noção de liberdade dos gatos que ele apresenta, como por exemplo nesse trecho:
“Selvagem ou doméstico, permanece o mesmo, obstinadamente, com serenidade absoluta,
sem perder por nada sua beleza e sua graça suprema. Por mais modesta ou por mais vil sua condição, ele não se degrada, porque não cede, mantendo sempre a única liberdade que pode ser concedida às criaturas, ou seja, a vontade e a resolução irrevogável de ser livre. E é livre de verdade, porque se entrega apenas quando quer, oferecendo ou recusando por espontânea vontade sua afeição e seus carinhos, e por esse motivo permanece belo, isto é, semelhante a seu modelo eterno.”
O conto “A gata persa da Tia Cynthia” é muito divertido, e apesar de bem simples, foi um dos meus preferidos do livro também. Outro muito divertido também é o conto de Émile Zola “O paraíso dos gatos”, no qual ele conta a história de um gato que, cansado de sua vida caseira, resolve sair de casa e explorar novos horizontes. Nesse caso a vida de um gato de rua. É interessante nesse livro o contraponto à ideia de liberdade do gato. Pois este gato caseiro se vê “preso” numa vida de conforto e rotina. E ao longo do conto a gente percebe como esse gato em específico se sente melhor na sua prisão do que na incerteza da liberdade.
O último conto que eu destaco é “Penas de amor de uma gata inglesa” de Honoré Balzac. Nesse conto eu consigo perceber uma crítica à moralidade inglesa, que parece consistir em apenas esconder os atos considerados “imorais”. Pode-se cometê-los, desde que não diante da sociedade. No conto, a gata Beauty é condicionada por sua dona a esconder todos os seus hábitos “imorais” de gata, para que seja bem vista pela sociedade.