Emanoel 09/01/2023
- Não aconteceu dessa forma, não é mesmo?
- Não, não senhor
Ganhei esse livro de uma moça desconhecida no ônibus. Tinha prometido que, neste ano, leria coisas que realmente me agradassem - sobre assuntos que realmente me chamassem atenção. Talvez uma forma de tornar minhas leituras mais fluidas e recorrentes
Não obstante, quando li a sinopse e vi que era um romance que se passa na União Soviética Stalinista, considerei que foi algo que me convidou para dentro da ver o que havia dentro da história.
Na narrativa, estamos na Rússia Soviética pós-guerra (segunda guerra mundial). Vivendo sob um regime autoritário, qualquer susurro mal interpretado é motivo para prisão e duras penas de anos de trabalhos forçados nos gulags.
Em meio a esse contexto, a brutal morte de um menino faz a família dele se convencer de que o acontecimento, tratava-se um assassinato.
Liev, agente da MGB (Ministério de Segurança do Estado) é obrigado a fazer a família mudar de ideia sobre a motivação do ocorrido e, ao mesmo tempo, obrigado a ignorar o assunto por ordens de seus superiores.
Mas ao decorrer da história, essa situação mostra-se mais assustadora do que parece, o que dá rumos totalmente imprevisíveis para a história.
A coisa mais difícil de entender no livro - na verdade de pronunciar - são os nomes do personagens; afinal, Russo não é bem um idioma que todos nós estamos familiarizados. Mas nada que um pouco de esforço nos faça compreender.
Como não é bem um livro que eu vi muitas pessoas falando, eu fiquei receoso de iniciar a leitura e acabar abandonado. Mas, contrariando todas as minhas (más) expectativas, foi uma leitura que de certa forma envolveu-me - entre altos e baixos.
O autor nos traz e nos joga conta o protagonistas e os coadjuvantes. Alguns deles estão do lado opressor, mas com o tempo, anseiam em estar do lado do oprimido, querendo fazer justiça, mudar a história; enquanto outros, lutam para deixar as coisas do jeito que estão, seja em benefício próprio, seja por crenças os cegam.
Liev é um personagem que eu comecei odiando. Mas acompanhar sua jornada de descobertas, foi refletir que até nós mesmos, por vezes, nos negamos a ver a realidade para proteger nós mesmos e a outros. Seja por questões simplistas ou por questões de vida ou morte.
A busca por justiça e a redenção, são as coisas mais nobres que vão levar o leitor para o final do livro. O autor faz um bom trabalho encaixando as peças do quebra-cabeça, mostrando que nem tudo é o que parece. Nos coloca no meio nas decisões difíceis que precisam ser tomadas - que nem são decisões nossas.
Vale a leitura!