Poemas escolhidos

Poemas escolhidos Gregório de Matos




Resenhas - Poemas escolhidos de Gregório de Matos


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J. Silva 18/05/2024

Poemas Escolhidos
Gregório de Matos (vulgo, Boca do Inferno) é sempre lembrados nas aulas de literatura e em questões de vestibulares. Por isso, duvido que alguém não tenha em algum momento se deparado com algum dos poemas do autor. Tanto é assim que, dentre os livros publicados pela editora Principis esse é o que apresenta o maior número de questões de prova comentadas.

A propósito dessas questões, é interessante destacar que alguns poemas do autor e outros atribuídos à ele são colocados como um extra. Por isso, quando encerrada a leitura regular, o leitor avançando pelo complemento de leitura pode conhecer outros textos e a celeuma que orbita sobre a autoria de determinados poemas.

Outrossim, merece destaque o fato dos poemas terem sido reunidos e publicados no século XIX, muito tempo depois do falecimento do autor.

***

A BAHIA

Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos

Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos.

Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:

Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.
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Bell 14/03/2012

Dífícil
Gregório, Boca do Inferno....
Esse livro os fracos não leem. Bom primeiro porque é livro de literatura brasileira e nossa literatura é vista com maus olhos -desprezada- (o que na minha opinião é um tremendo erro), segundo porque foi escrito no século XVII, no período Barroco, então a linguagem é bem complicada.
Adorei as poesias satíricas, as eróticas e claro as religiosas!
Sinceramente não recomendo pra todos, exceto aqueles que como eu PRECISAM ler como exigência do vestibular e é claro para os que gostam de literatura brasileira e acima de tudo um desafio ^^'
Fraga 30/10/2021minha estante
Aí mulher eu tô lendo pulei todas as poesia do começo e fui direto para as eróticas e religiosas kkkkk as outras são um saco, mas depois eu volto e leio


Bell 14/12/2021minha estante
Eu levei uns bons meses pra conseguir ler do início ao fim kkkkkk


MauroEdu 14/12/2023minha estante
Fico triste com esse tipo de comentário e avaliação aos autores da nossa literatura. O Boca do Inferno é simplesmente brilhante.




laurencfav 03/11/2022

Acaba pelo amor de Deus
1 estrela só pq o cara é foda e as críticas são legais, mas mds que livro chatooo. Sendo sincera nem terminei a leitura (li até pouco mais de 60%), mas não marquei como abandonado pq é uma coletânea de poemas (fez sentido na minha cabeça).
Enfim, eu já sabia que não iria gostar pq detesto poemas então é isto
MauroEdu 14/12/2023minha estante
Chata é você que não compreendeu o poeta, nem o seu contexto. 1 estrela para Gregório é uma estrela para o seu cérebro. Triste.




misy 01/03/2022

boca do inferno não pelas sátiras e sim pela linguagem chata
pensa em um homem bipolar: reclama da bahia, depois elogia; reclama dos governadores, depois elogia alguns (ou foi meio obrigado a elogiar MAS MESMO ASSIM); ele reclama de tudo!!
o vestibular me fazendo sair da minha zona de conforto, já que não leio muitos poemas, muito menos livros com essa escrita extremamente culta e que coloca assuntos simples de forma muito complicada.
odeio esse autor branco e racista rico que não gosta de outras pessoas ficando ricas. de qualquer forma, pude entender melhor o contexto em que ele vivia e as críticas feitas, graças as anotações do início.
foi uma leitura total obrigatória.
MauroEdu 14/12/2023minha estante
Absurdo o seu comentário. Deve dá cinco estrelas pra autor gringo. Entrei nessa rede e já me decepcionei com o nível dos leitores daqui. O que fazem com os escritores brasileiros (exceto os da moda), é simplesmente incabível.




Sarah 27/10/2020

Gosto de algumas poesias do Gregório de Matos. Entretanto, em sua maioria, você precisa entender o contexto histórico em que está inserido para poder compreender o poema. Na minha opinião seus poemas satírico são os melhores. Ele não mede as palavras, faz jus a sua alcunha de "Boca do Inferno".
Sobre essa edição que eu li: ela é muito boa para quem vai fazer vestibular, ela possui algumas notas sobre o autor e sobre o contexto histórico além de algumas questões de vestibulares. Entretanto teve uns 3 ou 4 poemas que se repetiram durante a seleção para a coletânea. Eu não sei se foi erro ou se foi proposital. Confesso que não entendi.
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Giovana Braga 01/07/2022

definitivamente, boca do inferno
de verdade que homem CHATO, soberbo, reclamão e insuportável kk todas as vezes que lia algo ? (e não foram poucas) eu tentava levar em consideração de que se trata de um livro de época - importante pra literatura brasileira, que é uma poesia barroca e ter essa linguagem preconceituosa e mt inadequada naquela época era "comum", mas assim.. teria passado reto se não fosse pela fuvest, passei nervoso
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liaramoss 16/08/2022

maneirinho, não me agrada muito
Livro importante para entender o início da literatura no Brasil, ou melhor, o Barroco Brasileiro. Baseado na Bahia do século XVII, Gregorio de Matos segue sua fama de Boca do Inferno tecendo críticas satíricas em seus poemas relacionadas à colônia, aristocracia do comércio (a família dele era da aristocracia rural), enaltece a elite branca brasileira e narra com muito pessimismo o estado em que viveu. Dividido em Poesias Satíricas, Amorosas e Religiosas.

É inovador e revolucionário? Na época, provavelmente, sim. Hoje em dia é só mais um clássico com linguagem rebuscada que a gente lê 3 vezes e continua perdido, o importante é entender o contexto geral. Leitura enrolada, mas ainda bem que tem uma garota no Spotify que fez um audiobook desse livro e ela salva vidas. Sem muito mais o que acrescentar, a história do autor é mais interessante do que os poemas dele.
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julia3518 04/07/2021

mais um racista e machista pra eu estudar, mas muito corajoso por exprimir suas opiniões nas poesias satíricas. boca do inferno real. não gostei mas tenho que fingir pro meu cérebro q gostei pra eu analisar as obras, as quais metade da leitura n entendi nada e a outra metade fiquei inventando teorias p interpretar te odeio gregorio vc acabou com meus neuronios
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MorganWatson 02/03/2023

Interessante mas sem tanta conexão
Gregório é um caso complicado para mim. Embora eu tenha gostado de ler seus poemas, a sensação que persiste é a de que poucos realmente me cativaram. Acredito que isso se deve, em grande parte, ao fato de que muitos de seus poemas foram escritos especificamente para sua época e contexto cotidiano, o que faz com que sua obra seja excelente como um estudo de época, mas não se conecte tão bem comigo pessoalmente.

Embora haja alguns poemas que gosto muito e que até mesmo anotei, no geral, considero sua obra mediana quando retiramos o fator "estudo".
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Beatriz 14/08/2016

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda os temas tratados no livro Poemas Escolhidos, de Gregório de Matos. O livro faz parte do período literário Barroco, que foi desenvolvido no Brasil entre os anos de 1600 a 1750, esse período acontece na mesma época que o período da contra reforma, há duas visões antagônicas que se embatem, choques religiosos, de um lado a igreja católica pregando uma visão teocêntrica, e do outro há o renascimento que influencia o homem para uma visão antropocêntrica, é dessa tensão entre suas visões opostas que nasce a arte barroca, o homem barroco apresenta essa crise, essa indecisão entre a religião e a ciência, entre a fé e a razão, o pecado e o perdão, o corpo e a alma.
Gregório é um personagem exemplar desse período. Viveu no Brasil, na cidade da Bahia, no início da nossa vida colonial e ele vai retratar todas as nuances vividas pelo homem barroco, todos esses duelos, todos esses dualismos, todas as dúvidas vão estar muito presentes na sua obra. Sua linguagem é tão complexa quanto o período vivido.
Sua poesia pode ser dividida em vertentes, a vertente sacra, mais religiosa, a vertente satírica, mais mundana e pagã, e a vertente lírico amorosa. Cada uma tem características próprias e únicas.













2 AUTOR

Gregório de Matos e Guerra foi um dos principais escritores do período barroco, nascido dia 7 de abril de 1633, na cidade de Salvador Bahia, foi, inegavelmente, o primeiro poeta brasileiro. A sua biografia revela um personagem extremamente controvertido; tão paradoxal e surpreendente quanto a sua poesia.
Estudou em Portugal e formou-se pela Universidade de Coimbra, vindo para o Brasil quando contava perto de cinquenta anos. Atuou como juiz. Voltou ao Brasil em 1681, aos 50 anos, ocupando o cargo de vigário-geral. No entanto, foi desligado do cargo.
Tendo vendido as terras que ganhara como dote ao casar-se com Maria dos Povos, conta-se que teria deixado o dinheiro largado em casa e gastado desmedidamente. Conta-se que teria, em certo momento da vida, abandonado tudo para vagar como “cantador itinerante, convivendo com todas as camadas da população”. Nesse período ele passa a escrever cada vez mais poesias satíricas e eróticas, o que lhe rendeu o apelido "Boca do Inferno". Além disso, ele escreveu diversas poesias de crítica política à corrupção e aos fidalgos locais, o que fez com que ele fosse deportado para Angola.
Gregório de Matos só pode voltar ao Brasil em 1695, mas com a condição de que ele abandonasse os versos satíricos e fosse morar em Pernambuco. Nessa altura da vida, ele volta-se para a religião e escreve diversos poemas pedindo perdão a Deus pelos pecados que cometeu. Falece em data incerta no ano de 1696 em Recife (PE).
3 O LIVRO
Gregório tem uma linguagem muito característica do estilo barroco, que é uma linguagem rebuscada, complexa, porque o homem complexo, como era o homem barroco, produz uma literatura complexa, uma linguagem cheia de inversões sintáticas, hipérbatos (figura de linguagem que a ordem da frase é invertida). Usa também de paradoxos e antíteses, o que faz com que ele aproxime ideias oposta e da sinestesia, apelando para as sensações.
Sua obra tem varias vertentes, a vertente Satírica é onde ele expõe e critica sem nenhum pudor a sociedade da época, usa uma linguagem chula, termos obscenos. Conhecido “boca do inferno” ou “boca de lixo”, lá ele fazia uma crítica contundente aos problemas que se apresentavam na cidade da Bahia, a corrupção, a licenciosidade. Critica de cima a baixo, de todos dos escravos aos nobres. Também há poemas mais obscenos, como quando ele diz “o amor é um entrelaçar de pernas, confusão de bocas...” Tanto na questão política quanto na sexual vai haver essa vertente.
Na vertente lírico amorosa ele escreve para as suas musas, em especial Dona Ângela e a Maria dos Povos. Geralmente enaltece a cidade da Bahia e mulheres. Seus poemas líricos são comumente divididos em: lírico-amorosos e eróticos. Na poesia amorosa e erótica de Gregório de Matos, a uma visão dualista também aparece na figura da mulher desejada, sendo que esta representa uma espécie de "anjo-demônio". A figura da mulher, quando ela aparece como um ser angelical, ela também terá uma parte demoníaca, e vice-versa. Na poesia erótica, o poeta utiliza uma linguagem mais direta e explícita do que na lírico-amorosa, o amor carnal aparece como forma de libertação do corpo e, por consequência, do indivíduo também.
E na vertente sacra temos um Gregório que pede perdão por ser humano e errar, que esta diante de Deus, e elevação de figuras bíblicas. O ambiente fortemente cristão do período barroco, faz-se presente aqui, onde os pares antagônicos da vez é a "culpa" versus "perdão". Gregório de Matos faz uso da poesia para se libertar e ela é a única forma possível de salvação para o poeta. Esta salvação não se dá somente entre o poeta e Deus, mas também perante a sociedade e si mesmo.


4 RESUMO

4.1 AOS AFETOS E LÁGRIMAS DERRAMADAS NA AUSÊNCIA DA DAMA A QUEM QUERIA BEM
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertidos:

Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido:

Se és fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

O poema é composto através de antíteses, figura de linguagem que aproxima pares de opostos. A primeira é marcada por um tom de lamentação onde o eu-lírico vive um embate entre "paixão" (“simbolizado através de imagens como “fogo” e incêndio”) e "dor" (simbolizado por "neve" e "água", remetendo a "lagrimas"). Na segunda parte, o eu-lírico se indaga sobre a natureza contraditória do amor, fazendo lembrar a lírica do poeta português Camões ("Amor é fogo que arde sem se ver/É ferida que dói e não se sente"). A ideia de que "diferença é identidade" presente na poesia amorosa de Gregório de Matos se faz presente de modo exemplar nesse soneto.


4.2. A CIDADE DA BAHIA

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.

Neste breve poema Gregório de Matos quis dizer que naquele tempo o poder não estava sendo exercida da maneira adequada contendo maus “Políticos” na administração da cidade, consequentemente causando desordem e miséria a população mais necessitada. Como podemos ver Gregório está satirizando a visão que ele tinha sobre o governo Baiano dando ênfases na incoerência politica na cidade.


4.3. PICA FLOR

Pica-Flor
Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.

Um moço muito safado encontrou uma moça que estava procurando um homem para se juntar. Eles começaram a conversar e este moço pediu para a senhorita desesperada para se casarem e ele poder usufruir de seu corpo. A moça carente logo aceitou a proposta e deu seu belo corpo ao moço indecente. E assim viveram o final de suas vidas, o moço se aproveitando do corpo da moça e ela sendo “cuidada” pelo moço.

4.4. BUSCANDO A CRISTO

A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa p´ra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

Gregório de Matos usa um sentido duplo para a crucificação de Jesus. Por um lado do poema, Gregório retrata a crucificação com um sofrimento, mas também como uma forma de proteção. Na visão do poeta, Jesus, além de ter vindo por mando de Deus, foi crucificado e sofreu para salvar a população. É esse sentimento que da para o poeta, o perdão e a salvação. Quando Gregório descreve o corpo de Cristo, o poeta demonstra o lado espiritual do sofrimento físico.

4.5. TRISTE BAHIA

Triste Bahia
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

Há Bahia já teve riqueza, fama, e respeito em abundancia no Brasil, assim citando Gregório de matos em uma de suas poesias “Triste Bahia”. Afirmando que estava pobre de cultura e de respeitos a si mesmo.
Infelizmente com mudanças de culturas a cidade foi se tornando um ninho de problemas a qual é referencia em desastres humanos e culturais. Perdendo assim o brilho da primeira capital brasileira.

4.6. A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta piedade me despido;
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória

Nesse poema Gregório cita ser um pecador, e por isso merece mais atenção, então Deus poderá utilizar o perdão com mais empenho, pois ele Deus não vai querer perder uma “ovelha” e sim a tela de volta.


4.7. A DESPEDIDA DO MAU GOVERNO QUE FEZ O GOVERNADOR DA BAHIA.
Senhor Antão de Sousa de Menezes,
Quem sobe ao alto lugar, que não merece,
Homem sobe, asno vai, burro parece,
Que o subir é desgraça muitas vezes.

A fortunilha, autora de entremezes
Transpõe em burro o herói que indigno cresce:
Desanda a roda, e logo homem parece,
Que é discreta a fortuna em seus reveses.

Homem sei eu que foi vossenhoria,
Quando o pisava da fortuna a roda,
Burro foi ao subir tão alto clima.

Pois, alto! Vá descendo onde jazia,
Verá quanto melhor se lhe acomoda
Ser homem embaixo do que burro em cima.

Esse governador baiano, não faz nada certo, uma corrupção tremenda, aonde todo o “dinheirinho” dos baianos vai pro bolso do “nosso amiguinho” aí, ninguém acreditava que esse cara subiria ao poder, mas a inteligentíssima gente da Bahia foi junto com ele, “pra ver o que dava”, e um tal de Gregório de Matos(que eu nem conheço quem é), chamou esse governador de burro e asno, e também o chamou de uma desgraça, sendo assim eu acho que o Antão, vai ficar um pouquinho longe do “trono” por um tempo.

4.8.NECESSIDADES FORÇOSAS DA NATUREZA HUMANA

Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.

Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.
Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
E na hora de ver repleta a tripa,
Darei por quem mo vase toda Europa?

Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da mão sua cachopa.

Utiliza termos eróticos bem regionais do contexto daquela época, como por exemplo, tronga que significa meretriz, prostituta. Conchego em todo o mapa é uma forma figurativa de expressar que o homem procura um aconchego nas mulheres disponíveis ao seu desejo sexual. O poeta dá a entender que sua sorte seria muito grande se encontrasse uma freira para saciar-lhe sexualmente, já que o mesmo é de família nobre. Enfatiza o cenário de um ato sexual e o que tal ato proporciona ao homem. Revela um poeta de cunho extremamente profano, de índole sensual e escandalosa.


5 TEMA
A DUALIDADE ENTRE O CENTRO DA TERRA

Vivemos e ao mesmo tempo morremos, Heráclito já dizia que tudo esta em constante e em eterna transformação, “o homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes”, estamos envelhecendo a cada segundo que passa, no instante que comecei esse trabalho eu já não sou o mesmo, aprendi e perdi incontáveis coisas, mas o que faz o mundo se mover é o tempo, e o tempo não para nunca.
No século XVII o que fazia o mundo girar era a fé, as pessoas tinham uma visão religiosa, o seu centro era teológico, viviam a procura da salvação das suas almas, hoje vivemos a procura da salvação dos nossos minutos, queremos viver do prazer, encontrar respostas e fazer tudo valer a pena. Essa visão antropocêntrica de hoje faz tudo perder o sentido, porque nada pode ser tomado como certo, nosso centro somos nós mesmos, o oportunismo e o egoísmo é o que faz nosso mundo girar, mas não se pode voltar ao passado, como eu disse o tempo não para nunca, o passado já não serve, e mesmo com medo de dizer, tenho que falar que o presente também não.

6 CONCLUSÃO

Com a leitura dos poemas de Gregório de Matos concluímos que a poesia é atemporal, o que foi escrito no século XVII ainda emociona e é exemplo nos dias de hoje.
Ele foi talvez o primeiro poeta brasileiro a usar seu talento para investir contra a incompetência, a corrupção e a arrogância dos governantes, usando das palavras e da ironia para mostrar as mazelas,
Ele foi uma pessoa de mente brilhante tinha e alma colorida, fez tanto poemas de nível social e politico quanto poema romântico e erótico.
Além de tudo, também escreveu poemas de vertente sacras, suas ideias de Deus e do pecado, ao mesmo tempo em que se opõem, são complementares. Embora Deus detenha o poder da condenação da alma, está sempre disposto ao perdão, por sua misericórdia e bondade; daí deriva Sua maior glória.
Finalizamos ao dizer que a importância de Gregório ultrapassam séculos, ele mostrou o que é se encontrar em um mundo dividido, seus poemas conseguem transparecer as dualidades do tempo.
Matheus.Santos 27/05/2020minha estante
Parabéns pelo texto, me fez pensar muito e aprender também




Nicole Gonsales 15/05/2021

Bom
Os poemas são interessantes, alguns raros são legais de ler já outros bem chatos.
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Soliguetti 02/04/2020

Difícil compreensão
Poemas inteligentes, mas chatinhos e de difícil compreensão devido à linguagem arcaica. As notas de rodapé de José Miguel Wisnik mais atrapalham do que ajudam, interferindo negativamente na fluidez da leitura e raramente esclarecendo alguma coisa.
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hammezita 20/10/2020

Aos 24 anos, em pleno 2020, lendo livro por conta de vestibular! E como alguém que perdeu o hábito de leitura e está tentando retomar, esse ter sido o primeiro do ano não foi uma boa escolha; muito complexo, num período de literatura Barroca e completamente fora do que costumo ler. Mas valeu a experiência! Alguns poemas foram muito interessantes, isso é fato. Talvez precise ser mais acostumado com esse tipo de leitura pra captar 100%
Lola 20/10/2020minha estante
nossa eu to empurrando com a barriga esse livro, preciso urgente ler mas não gosto do barroco e muito menos do gregório de matos mas né...ossos do ofício


hammezita 20/10/2020minha estante
olha... eu li muito aos poucos. mesmo! foi bem difícil hahahaha mas uma hora acaba




Karina.Loureiro 27/05/2021

Boca do inferno...
O livro tem difícil leitura devido ao vocabulário e contexto da época, mas retrata muito bem os principais aspectos do barroco, principalmente os contrastes e a dúvida de viver uma vida religiosa ou se render aos prazeres da carne. Isso é mostrado através da diferença entre os textos eróticos e religiosos do autor, sendo que no último nota-se um arrependimento e um suplício pelo perdão de Deus, motivado pela forte mentalidade religiosa do momento histórico. O apelido dado ao autor (Boca do inferno) se justifica durante a leitura, Gregório não tinha receio de fazer críticas (principalmente à Bahia) e sátiras com pessoas de diferentes meios. A leitura vale a pena e se torna mais fácil quando se sabe previamente sobre o barroco.
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