Júlio 25/09/2017
Gente de Hemsö conta a históra de Carlsson, homem da terra que é contratado para trabalhar nas terras da família Flod. A trama então é desenvolvida através da ascensão de Carlsson e sua luta contra os hábitos enraizados pelos antigos trabalhadores e por Gusten, filho da viúva Flod, que serve intermitentemente como antagonista da história.
A clareza de ideias apresentada por Strinberg é o que dá vida a história, suas descrições impecáveis do ambiente e clima fazem com que os menores detalhes saltem do livro, seja dando cores à fauna local, com descrição detalhada das aves que povoam o arquipélago, ou descrevendo sua geografia e flora. O importante é notar que essa demonstração de conhecimento pelo autor nunca é feita de forma enciclopédica, evitando descrições eternas e maçantes que não agregam em nada à história, a genialidade dele é saber a dose exata para que o leitor consiga ver exatamente o meio em que os personagens vivem.
Além de pintar belamente o ambiente as personagens também são tratados de forma realista. Ninguém é perfeito e os trejeitos, vacilos e qualidades de Carlsson o tornam um personagem interessantíssimo de ser acompanhado, assim como os coadjuvantes, com atenção especial ao pastor Nordström que faz um serviço ímpar em roubar todas as cenas em que aparece. Carlsson, por exemplo, é tosco, rude e ainda assim sua ambição é bem direcionada, tem lucidez em suas decisões quando bem motivado e alcança seus objetivos sem conseguir escapar do ridículo, enfim, é humano.
O romance pode ser considerado amplamente como uma comédia. Strindberg consegue mudar o tom com tamanha maestria que a obra consegue ser dramática quando necessário. O humor em suas várias formas, seja negro ou pastelão, seja debochado ou inteligente, parece ser a palheta escolhida pelo autor para retratar a natureza de seus personagens, e nisso ele consegue criar uma obra sutil que descreve personagens nada sutis.