Gente de Hemsö

Gente de Hemsö August Strindberg




Resenhas - Gente de Hemsö


4 encontrados | exibindo 1 a 4


Matheus Nunes 08/06/2020

Quando Strindberg se redime com seu povo e consigo mesmo.
Muito já se escreveu sobre as famílias em ritmo de queda, toda a literatura envolvendo os dramas familiares está repleta de historias assim, mas são poucos os romances que assumem e se comprometem com a tarefa de narrar a escalada "social" de uma família, ainda mais quando essa família em questão é bem desconstruída para os padrões suecos da época.

Todos os personagens tão cheios de carisma e humor, envolvidos por toda a beleza natural de sua terra são todos belamente descritos, todos humanamente perdoados por seus erros, todos compreendidos por uma escrita leve, suave, que começa sem nos prometer coisa alguma, e termina da mesma forma, com a natureza mostrando sua fúria e falando mais alto que as vontades dos homens, que por hora parecem marionetes diante da imensidão maior que a todos guia.

Obra fruto de um exílio imposto pelo próprio autor, luxo esse que poucos autores se permitem ter, Strindberg após anos de ostracismo literário resolve se redimir. Se redimir por suas criticas consideradas ferozes, quando ser um formador de opinião não era moda ainda, e ele sendo um artista resolve se redimir através da arte, através da Gente de Hemsö, o povo Sueco, em um romance que termina marcado pela sensação de saudade e a conquista de um crescimento interior (algo meio Bildungsroman...) advindo através da perda.

Não é difícil de descobrir em tão poucas paginas a razão pela qual esse livro ainda permanece no coração do povo Sueco.
comentários(0)comente



Picón 20/04/2020

Muito bom
Não temos muitos Clássicos nórdicos traduzidos para o português, então as edições da editora Hedra das obras de Strindberg são muiito bem-vindas. Em "Gente de Hemsö" temos o recorte da vida simples e muito trabalhosa dos poucos habitantes de uma das inúmeras ilhas do arquipélago sueco no século XIX, quando um forasteiro chega, se entranha e muda o ritmo de vida de todos, trazendo consigo as primeiras luzes do "progresso" das cidades através do seu caráter e iniciativa de "self made man".
Com linguagem clássica sem ser rebuscado ou muito erudito, pinta na nossa imaginação as paisagens e a fauna nórdica, mostrando também as condições de vida e as relações humanas que vão sendo influenciadas por tudo isso.
comentários(0)comente



Júlio 25/09/2017

Gente de Hemsö conta a históra de Carlsson, homem da terra que é contratado para trabalhar nas terras da família Flod. A trama então é desenvolvida através da ascensão de Carlsson e sua luta contra os hábitos enraizados pelos antigos trabalhadores e por Gusten, filho da viúva Flod, que serve intermitentemente como antagonista da história.

A clareza de ideias apresentada por Strinberg é o que dá vida a história, suas descrições impecáveis do ambiente e clima fazem com que os menores detalhes saltem do livro, seja dando cores à fauna local, com descrição detalhada das aves que povoam o arquipélago, ou descrevendo sua geografia e flora. O importante é notar que essa demonstração de conhecimento pelo autor nunca é feita de forma enciclopédica, evitando descrições eternas e maçantes que não agregam em nada à história, a genialidade dele é saber a dose exata para que o leitor consiga ver exatamente o meio em que os personagens vivem.

Além de pintar belamente o ambiente as personagens também são tratados de forma realista. Ninguém é perfeito e os trejeitos, vacilos e qualidades de Carlsson o tornam um personagem interessantíssimo de ser acompanhado, assim como os coadjuvantes, com atenção especial ao pastor Nordström que faz um serviço ímpar em roubar todas as cenas em que aparece. Carlsson, por exemplo, é tosco, rude e ainda assim sua ambição é bem direcionada, tem lucidez em suas decisões quando bem motivado e alcança seus objetivos sem conseguir escapar do ridículo, enfim, é humano.

O romance pode ser considerado amplamente como uma comédia. Strindberg consegue mudar o tom com tamanha maestria que a obra consegue ser dramática quando necessário. O humor em suas várias formas, seja negro ou pastelão, seja debochado ou inteligente, parece ser a palheta escolhida pelo autor para retratar a natureza de seus personagens, e nisso ele consegue criar uma obra sutil que descreve personagens nada sutis.
comentários(0)comente



Leonardo 29/11/2013

Grata surpresa
A história desse forasteiro, que da terra alcança uma comunidade marítima, nos da momentos de raro humor, como na passagem do casamento, extremamente engraçado , e vários momentos de beleza lírica e trágica. Ótimo. Grande escritor
comentários(0)comente



4 encontrados | exibindo 1 a 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR