JhennyffeMoreira 26/02/2016
Demorei pra terminar esse livro por conta do quão difícil é digerí-lo. A cada página lida é um embrulho no estômago ao ver a violência por parte da polícia, de forma tão cruel e explícita; cheia de cenas de injustiças, abuso de poder e covardia.
São várias reflexões que se pode ter a partir desta leitura. Uma delas é a sequência de casos desencadeados após o episódio dos três jovens do fusca azul, metralhados pela Rota 66. Com exceção deste, as demais perseguições, em sua grande maioria, eram direcionadas a quem era mais pobre, a quem tinha a cor da pele mais escura. Ou seja, a quem possuía todas características para serem considerados "suspeitos" pela polícia.
Curiosamente, a partir dos dados apresentados pelo autor, uma parcela mínima dos mortos identificados pela pesquisa tinham cometido algum crime na vida. Quase sempre eram jovens inocentes, moradores da periferia, pais de família que retornavam de uma jornada exaustiva de trabalho, que antes mesmo de chegarem em casa tiveram a infelicidade de entrarem pra estatística dos assassinados pela ROTA.
Não havia critério algum para justificar as mortes, eram apenas suspeitos que tiveram "o azar". Não haviam tiroteios como era relatado nos inquéritos e sim tentativas de torná-los reais ao encenar que estavam prestando socorro, quando levavam os feridos (na realidade já mortos) ao hospital, assim colocando figura do policial militar como um heroi, que demonstrava bravura e coragem, e não um assassino.
Com isso, não proponho aqui demonizar a polícia como um todo, mas de ressaltar que há sim dentro da corporação uma minoria covarde, assassina de inocentes, que acaba por ser aplaudida pela nossa sociedade. Quando não era pra ser assim...
Não é questão de pensar: "Fala isso porque nunca teve um familiar seu morto por um bandido. Deixa ser com você". Não, ninguém deve se limitar a este pensamento, pois senão seria o caso de também falar: " E se um familiar seu, inocente, fosse visto como um suspeito pelos policiais e acabasse MORTO naquele momento"?
Os tempos são outros, mas hoje ainda ocorrem situações como as relatadas no livro.
Polícia é pra trazer segurança, pra proteger... mas toda moeda tem seus dois lados, não é mesmo?