Isabella.Wenderros 12/05/2021Apesar de Darkdawn estar longe da perfeição, sempre vou indicar essa trilogia.Darkdawn é um livro grande, a finalização de uma trilogia que eu adorei e que no final acabou me decepcionado – não a série, mas o caminho escolhido pelo autor para a conclusão. Não vou falar sobre a sinopse ou os acontecimentos, apenas sobre minha experiência durante a leitura.
Terminei Godsgrave arrebatada e animada para descobrir o destino da protagonista. Não criei expectativas, ao contrário, estava aberta ao que Jay Kristoff decidisse me entregar. Como uma continuação direta, esse 3º livro tinha tudo para ser tão bom quanto o anterior, mas não foi. As escolhas narrativas aqui me incomodaram muito. Em determinado momento, perdi até a vontade de finalizar, apenas insisti por querer saber o que aconteceria com personagens tão incríveis, que me conquistaram e por quem torcia.
Meu maior incômodo foi o fato de Mia deixar de ser uma jovem comum para se tornar A Escolhida, aquela que possuía um pedaço de um deus dentro de si e que deveria restaurar o equilíbrio entre dia e noite. Ela deveria deixar de ser uma pessoa movida por vingança – que foi o que motivou a personagem ao longo dos 2 livros anteriores – para se tornar aquela que tiraria o poder absoluto de Aa, vingaria Niah e restauraria Anais. Gostava de como ela era: humana, palpável. Errava e acertava, caía e levantava. Queria me preocupar com batalhas, temer que cada momento fosse o último – afinal, já era prometido desde Nevernight que acompanharíamos seu nascimento, vida e morte. Estava no último livro, portanto, cada cena poderia ser a última. As coisas vão acontecendo para no final ela virar praticamente uma deusa? Com poderes quase ilimitados? Toda essa questão religiosa me passou a impressão de que o autor desejava que Mia fosse ainda mais especial. Será que ele não percebeu que ela já era justamente por ser humana e falha?
Quando a personagem se envolve com Ashlinn no 2º livro, não gostei, mas achei que seria temporário – ela matou o cara com quem Mia se relacionava, eu não consegui deixar isso para trás. Em Darkdawn a relação vira quase um ponto central, enquanto um triângulo amoroso é formado com Tric quando ele ressurge dos mortos (Para quê?). Essas coisas me fizeram revirar os olhos.
A batalha final não me deixou nada ansiosa e foi ali que realmente percebi que eu não temia mais pela protagonista. Ela tinha virado uma deusa, seus poderes ficaram gigantescos e só Scaeva poderia oferecer alguma resistência, mas nem mesmo ele poderia superar o poder conquistado na Coroa da Lua. O final feliz também não era algo que eu esperava, já que foi prometida a morte dessa personagem. Enfim, muitas coisas não me agradaram.
Não foi um livro ruim, mas não foi digno de toda a construção feita nos volumes anteriores. Gostei de descobrir quem era o narrador das Crônicas da Quasinoite – Mercurio cumpriu sua promessa ao falar não apenas das qualidades, mas também de todos os defeitos de sua pupila. Ele contou a história da verdadeira Mia Corvere e seus demônios.
Apesar de Darkdawn estar longe da perfeição, recomendo muito a trilogia. São histórias e personagens que eu sei que vão me acompanhar por muito tempo e que sempre vou me lembrar com carinho.