Língua nativa

Língua nativa Suzette Haden Elgin




Resenhas - Native Tongue


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Ana Júlia 21/11/2023

O poder da língua
Sou uma fã de ficções científicas e este livro me deixou empolgada em um nível absurdo. Demorei um pouco para pegar o ritmo e entender toda a estrutura social retratada, mas as relações entre alienígenas, linguísticas e governo em torno da língua é fascinante. O livro apresenta um futuro onde há a supressão de direitos das mulheres, que as coloca em total submissão ao patriarcado. Algumas delas - as linguístas, ocupam papéis cruciais ao diálogo com os alienígenas, o que viabiliza trocas comerciais, entretando são condicionadas a essas funções (de interesse da sua família), e a reprodução. Após seus anos de juventude e de trabalho, quando são vistas como sem utilidade, são enviadas para as Casas Estéreis, onde juntas podem se ocupar de trivialidades, a menos que essa interação construa uma rede de mulheres que enxergam na língua que tanto as oprimem, a liberdade.
Vania.Cristina 22/11/2023minha estante
Interessante!...


Ana Júlia 22/11/2023minha estante
É muito, Vania! Já estou querendo ler os outros livros que compõem a trilogia mas aparentemente não foram traduzidos?




umanatalense 05/06/2023

Diário de leitura: Língua Nativa, Suzette Haden Elgin
"Todas as mulheres eram sentenciadas à prisão perpétua. Não era um fardo que cada uma carregava sozinha. Ela estava muito bem acompanhada."

Publicado pela primeira vez em 1984, esse clássico da ficção-científica foi publicado no Brasil recentemente pela @editoraaleph . Eu comecei a leitura para participar da LC promovida pela @andreabistafa . Estava com 0 expectativas, pois ficção-científica não é a minha vibe, mas essa leitura tem sido uma experiência muito interessante.

Em 1991, o direito feminino ao voto e à participação política são sumariamente revogados. Em 2205, são consideradas úteis apenas as mulheres que podem servir aos homens em cargos específicos e a eles subordinados. Contudo, a economia mundial depende de um número reduzido de mulheres linguistas, que atuam como tradutoras em negociações entre povos alienígenas e corporações familiares da Terra. Quando perdem sua utilidade, elas são enviadas para as Casas Estéreis, onde apenas aguardam a morte. Mas um pequeno grupo de mulheres vem desenvolvendo clandestinamente uma linguagem própria para resistir à opressão masculina.

Acredito que a literatura me ajuda a compor e entender certos aspectos da minha personalidade e perceber o que me é significativo. Quando penso no que eu posso tirar de lição desse livro e em como uma obra de literatura distópica escrita em 1984 pode agregar a minha vida, penso em duas questões levantadas no texto:

A percepção de como a comunicação e a estrutura da linguagem são importantes para compor a nossa visão de mundo; pois nós lemos o mundo e refletimos sobre ele usando palavras. Será que uma mudança na linguagem pode levar a uma mudança social?

Por mais caricatos que os homens sejam retratados em “Língua Nativa”, reprimindo de forma brutal as mulheres, ainda vejo discursos de pessoas públicas que me parecem absurdos. Nós, mulheres, ainda precisamos lidar com um mundo desigual e com líderes que têm posicionamentos misóginos. Sem a luta constante por afirmações de direitos, nós estaríamos à mercê de sistema que faz ainda mais distinção de pessoas.

Enfim, fazia tempo que eu não lia algo que me fizesse pensar tanto e eu quis trazer um pouco dessa obra para vocês.
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Luciana 22/08/2023

Não diria que é uma leitura fácil, meio arrastada em alguns momentos e meio confuso o início, porém sem dúvidas é uma leitura válida.

Gostei principalmente pela forma diferente da escrita e da linguagem colocada como forma de mudar e entender o mundo em que se vive.
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Lara.Dias 16/11/2020

Publicado em 1984, um ano antes do Conto da Aia de Margaret Atwood, pela linguista Suzette Haden Elgin, Native Tongue é uma ficção científica distópica que se desenrola entre 2180 e 2205. Nessa sociedade, as trocas comerciais extraterrestres são intensas e em franca expansão; o contato com a diversidade de culturas alienígenas exigiu o trabalho especializado de linguistas para realizarem a comunicação. Estes, se transformaram em uma casta poderosa odiada pelo resto da sociedade, a qual os veem como privilegiados e enriquecidos. Nesse mundo, as mulheres perderam seus direitos legais e passaram a ter o status de crianças, após ter sido cientificamente comprovado que as mesmas eram inferiores aos homens. Tudo fica a cargo de um homem responsável, e aquelas que trabalham fora de casa não podem administrar ou possuir o próprio salário, por exemplo.
A história gira ao redor das mulheres linguistas, em especial as que vivem na casa das mulheres estéreis, isto é, uma casa em que mulheres linguistas inférteis, histerectomizadas, e que passaram da idade reprodutiva, vivem. São essas mulheres que organizam uma resistência contra essa sociedade opressora, através da criação de uma linguagem secreta para poderem se comunicar apenas entre si, uma linguagem que não carrega os valores de uma sociedade machista. Entre elas, uma protagonista se destaca, a Nazareth, uma mulher de meia idade.
O interessante dessa obra é a visão de linguista da autora.
Em primeiro lugar, é muito comum em ficções cientificas existirem certos "aparelhos de tradução universal", ou coisa do tipo. Mas para que qualquer computador realize tal feito é necessário que a linguagem seja conhecida previamente, daí a genialidade da autora. São necessários humanos para que novas linguagens sejam decodificadas; no mundo que ela criou isso é realizado através da Interface, na qual um humano é exposto a uma linguagem alienígena desde de tenra infância, se tornando fluente nessa linguagem.
Outro aspecto interessante no livro, é a hipótese que a autora levanta: considerando que a estrutura da linguagem determina nossa interpretação e percepção do mundo ( hipótese de sapir-whorf), será que uma mudança na linguagem levaria a uma mudança social?
Uma das coisas incomodas nesse livro, foi que boa parte da narrativa é realizada pelo ponto de vista masculino. Isso foi muito irritante, mas com certeza deve ter sido proposital. Faz todo o sentido dentro da trama.
Recomendo muitíssimo a leitura desse livro, uma pena que ainda não tenha tradução para o português.
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Giuliane.Souza 08/07/2022

Gêmeo do conto da aia
É eita atrás de eita aqui.

Primeiro como esse livro não é tão reconhecido? Eu não tenho ideia. Porque é incrível.

A ficção científica na sua forma mais pura, especulando um futuro 2200 e alguma coisa. Onde as mulheres perderam seus direitos e voltaram a precisar da autorização dos homens para tudo.

Nós vamos acompanhar um grupo de mulheres que se movimenta para alterar essa realidade através da linguagem. Que é uma parte muito importante nessa história. Afinal aqui o mundo está dividido entre cidadãos comuns e os linguistas, que são uma classe que trabalha para o governo e tem suas próprias regras e forma de viver. São 13 famílias conhecidas como as linhagens e eles são os responsáveis por aprender todas as línguas conhecidas, humanas ou extraterrestres, para que o governo possa manter uma boa relação com outros planetas e outras nações.

As crianças dos linguistas começam a aprender diferentes idiomas desde que nascem. E ainda crianças já são capazes de realizar traduções e mediações para o governo. Dentro dessa classe as mulheres são vistas como reprodutoras das linhagens e ferramentas úteis e nada mais. Porém graças a Nazareth elas estão prestes a criar um novo idioma, um idioma que apenas as mulheres vão saber e que poderá alterar a realidade de todo o universo.

Enquanto isso o governo tenta desesperadamente fazer com que algum ser humano seja capaz de falar com os alienígenas não humanóides, que é um feito que nem os linguistas conseguiram. E nesse processo eles não se importam muito com as consequências, usando bebês que são "doados" para o projeto ou "tubies" que é como eles chamam bebês gerados de forma artificial. E se eles conseguirem será que isso vai afetar o surgimento desse novo idioma?

Native Tongue é um livro que merece muito mais divulgação por aí e que com certeza merecia uma edição em Português. É uma história incrível e com detalhes absurdos sobre como um idioma surge. Muitas vezes dá raiva de ler porque nós vemos na maior parte da narrativa a visão dos homens. Mas acredito que nos próximos livros isso vá mudar um pouco conforme as coisas forem evoluindo. Só sei que adorei esse universo e vi aqui uma inspiração da pseudo - história do Hari Seldon de fundação, quando as mulheres começam a se perguntar como podemos prever os eventos uma realidade alterada se ela ainda não foi alterada? Se você lê em inglês manda ver que o baguio é top.

E essa foi a maior resenha que escrevi aqui ?
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csartoretto 26/08/2023

A história se passa em um futuro distópico onde as mulheres perderam todos os seus direitos e estão inteiramente sob o comando dos homens. As mulheres das famílias linguistas têm como função gerar novos membros para as linhagens e trabalhar como tradutoras, desde a mais tenra infância. As mulheres que não estão mais em idade de procriar são colocadas em casas separadas. Dentro dessas casas, longe dos olhares dos homens, essas mulheres criam uma linguagem secreta para resistir à sua opressão e mudar a vida de todas as mulheres.
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Liliane32 02/09/2023

Ficção científica
O livro é mais sobre um mundo distópico onde mulheres são pouco mais que objetos para reproduzir filhos e trabalhar para os homens.
A história até tem alguns assassinatos e pessoas morrendo, mas o pior mesmo é ver como as mulheres são tratadas e que elas têm pouco ou nenhum recurso.
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Carol Vidal 14/07/2023

Narrativa instigante
Uma leitura que traz temas interessantíssimos pra se pensar e o faz de forma que me deixou intrigada para saber onde tudo ia dar. Apesar de ter achado um pouco arrastado em algumas partes pelo excesso de explicações, acho que é uma leitura que vale a pena demais!
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Lysiane.Correa 12/04/2024

Uma resenha honesta sobre pontos fortes e fracos
Bom, eu terminei de ler "Língua Nativa" há algumas horas, e o livro não saiu dos meus pensamentos nesse meio tempo. Apesar de ter curtido essa leitura, tenho algumas críticas e vou tentar explicar tudo nessa resenha!

PONTOS NEGATIVOS:

A narrativa é desnecessariamente cansativa. Estou falando justamente da carga linguística do texto. Sou linguista, estudo isso como minha profissão e acredito que S.H.E. subestimou DEMAIS a capacidade de compreensão de seus leitores. O que quero dizer com isso?
Quase 70% das interações e diálogos existem para um fim didático e explicativo, ou seja, as pessoas não conversavam sobre os arcos centrais... mas sobre conceitos.
Entendo que em uma trilogia de ficção científica é MUITO necessário que os leitores compreendam os conceitos necessários, acho extremamente válido. Mas eu não entendo a necessidade de fazer toda essa contextualização em diálogos. Ora! Desse jeito, pouco ou mal conhecemos cada personagem, pois parecem todos professores do fundamental I - sendo didáticos a todo momento.

Isso nos leva à minha segunda crítica: com toda essa explicação, temos a sensação te estar estudando em uma universidade, lendo um artigo científico para uma aula. Mal consegui conceber uma imagem sólida dos alienígenas humanoindes e não-humanoides, ou o sistema utilizado para a comunicação (interface), ou até mesmo COMO são as Casas Estéreis. A criação do universo imaginativo ficou em segundo plano.

PONTOS POSITIVOS:

A trama em si é muito interessante! Não é à toa que não abandonei o livro: S.H.E. domina tudo o que se propõe a falar. O sistema de aquisição de línguas estrangeiras é muito bem construído, o ar de "revolta" e o tom de distopia patriarcal mostram a habilidade de narração dela. Nos cria curiosidade, nos faz SENTIR!

O cliffhanger final das últimas 50 páginas abrem tantas possibilidade para o desenrolar dos outros dois volumes, que sinto que valeu a pena passar pela parte cansativa! Se estivesse em minhas mãos hoje, eu já trataria de arrumar tempo pra ler. Fiquei mega curiosa e apreensiva :o


Finalizando...
Nunca vi tanto homem burro em um livro só. Não tem UM sensato...
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danithomaselli 05/10/2023

ABSURDO de bom! Você vai querer comprar o resto da trilogia.
Não tem nem 20 minutos que eu acabei ler ?Língua Nativa? e já estou pesquisando a continuação na Amazon para comprar. A Suzette Elgin construiu um universo que é tão absurdo, mas ao mesmo tempo tem tantos paralelos com a nossa sociedade, que chega a ser chocante. Demora um pouco até pegar o ritmo da leitura porque você precisa entender como funciona a estratificação social e a intercomunicação entre linguistas e alienígenas, para além da relação dos linguistas com o governo, mas depois que você entende fica muito difícil de parar. As personagens são bem construídas demais, a ponto de você amar e sentir raiva ao mesmo tempo, de perceber os erros, mas sentir empatia por cada uma delas, de se colocar no lugar delas e imaginar como seria a sua reação se passasse pelo mesmo constrangimento. A Nazareth, especialmente, ganhou meu coração por sua personalidade forte e decidida. MUITO bom mesmo, recomendo. Traz inúmeras reflexões sobre a disparidade de gênero e a forma como as mulheres são tratadas na sociedade, nos fazendo perceber o poder da linguagem no processo de independência e autonomia feminina.
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Marcus Oliver 11/10/2023

Mais um livro que utiliza a língua como instrumento de poder
Mais um livro que utiliza de maneira primorosa a ideia que a linguagem humana, e suas várias línguas são instrumentos de percepção da realidade e controle de grupos.
A autora, Suzette Haden Elgin, utiliza a ficção científica para fazer um experimento sobre como uma língua mulheril seria capaz de emancipar as mulheres numa distopia patriarcal com valores teocráticos cristãos para oprimi-las.
Esse uso da língua como um instrumento que molda a realidade dos seus falantes e de comunidades eu vi, primeiro, em ?Snow Crash?, de Neal Stephenson, mas Stephenson pensa a língua como um vírus que pode programar e reprogramar o cérebro. Elgin (escreveu sua obra antes de Stephenson) vê a língua como instrumento de mudança de percepção da realidade e de controle de certos grupos.
Vamos com o primeiro ponto: a língua se torna instrumento de mudança de percepções da realidade no momento em que comunidades decidem criar palavras e termos para determinados objetos, noções, ideias, sentimentos, etc.; logo uma língua pode fazer com que um indivíduo, ou comunidade, possa comunicar o que é importante, o que é válido e o que percebemos. Por exemplo, chamamos de braço (do ombro ao cotovelo), antebraço (do cotovelo ao punho) e, eu, decido chamar esse conjunto de braço e antebraço de braçáculo (braço+tentáculo). Agora que você sabe que eu posso ter dois braçáculos, você percebe que tem dois também, ou um, e a cada vez que você andar na rua você notará os braçáculos nas pessoas; isso é uma alteração na percepção de nossa realidade, pois, onde não existiam braçáculos, começaram a ser percebidos, notados e nomeados, então eles passam a existir.
A língua é esse instrumento que nos permite criar algo que não estava ali ou, se estava, não compreendemos por não termos uma palavra para defini-lo; logo uma língua que não traz termos que nomeie as realidades, dores, sentimentos ou outros fatores de um grupo que continuam como algo sem nome, não compreendido e que não será resolvido (curado, refletido, combatido, etc.).
Fiz essa volta toda pois as mulheres de ?Língua Nativa? trabalham no láadan (a língua mulheril) para criar uma língua que reflita, retrate e ajude as mulheres a mudarem sua percepção de mundo para que possam remodelar a realidade delas neste mundo distópico.
Entendendo esse primeiro ponto, já podemos entender então como a língua é um
Instrumento de controle contra as mulheres na narrativa (e na nossa realidade) são controladas e cerceadas pelos homens com uma língua binária e patriarcal (neste caso o inglês, e podemos extrapolar para o português também) com masculino/feminino; passivo/ativo; direita/esquerda; superior/inferior; essas polarizações e binariedades, na obra (e extrapolando para a nossa realidade), são o que mantém homens no poder e mulheres na subserviência. Exemplos disso: dizer que qualquer inconformação feminina é histeria; os sintomas da menopausa, uma condição normal a ser aturada (e não algo que pode ser tratado, amenizado e permitir uma vida plena sem as tais ?complicações de mulheres velhas?); mulheres são intelectualmente inferiores aos homens e suas atividades e sua utilidade é a da maternidade e o seu valor é para o homem da família (parentes ou esposo). São discursos como esse que mantém um status quo no mundo de ?Língua Nativa?.
Então ambas as ideias se complementam e dialogam e aparecem em diversas cenas e discussões entre os personagens, como se a autora utilizasse sua obra para testar suas teorias linguísticas (ela era linguista também, a língua era seu instrumento de pesquisa e trabalho) para nos apresentar uma obra primorosa de ficção científica e feminista. E claro que a obra não se trata apenas disso, há bem mais a se analisar e considerar.
Acho que é hora de trazer algo da história em si, expliquei trem demais kkkkkkk.
Acompanhamos a história por três vertentes: Nazareth (uma linguista da família das Linhagens); Michaela (uma mulher do povo leigo); e Thomas (o líder das Linhagens). Serão eles que apresentarão o mundo ficcional e as relações humanas presentes na obra.
Este mundo distópico extrapola o capitalismo para o campo interplanetário com raças alienígenas (seguindo a ideia do capitalismo global que se expandia na época da autora); o monopólio linguístico (da família das Linhagens, que são o grupo familiar que fazem o papel de intérpretes entre os alienígenas e os governos) nas transações comerciais interplanetárias; o povo leigo é quem não faz parte dos Lingos (que parecem bruxos e bruxas por saberem tantas línguas humanas e não humanas e nutrem um preconceito e ódio pro eles); e o governo americano faz experiencias antiéticas com bebês para ver se conseguem fazer seus próprios Lingos sem ter que depender das Linhagens
Desde o século XX os EUA, e o resto do mundo aparentemente, revogaram os direitos das mulheres, elas eram consideradas como menores incapazes e uma posse que permite lucro por meio do trabalho delas e um ativo genético para reprodução.
Veja que se trata de uma obra que traz diversos elementos da ficção científica, relações entre gêneros, distopia, feminismo e, principalmente, aquisição de linguagem e linguística.
Não dei a nota completa por um motivo, que percebo em algumas obras que trazem questões identitárias, essas obras às vezes trazem personagens sem defeitos ou como heróis dos mitos antigos sem pecados ou que os grupos deles cooperam sem nenhuma rixa, mágoa, rivalidade e/ou preconceito. Isso me preocupa por deixar os personagens ?rasos? (mesmo que um personagem seja o herói ou bom, ele é capaz de ações e sentimentos egoístas e injustas) e as interações entre os grupos mais maniqueístas (algo muito raro no livro, mas que deixa alguns questionamentos de realidade mesmo em uma ficção - creio ser uma natureza cética e desconfiada minha, e brasileira, por Machado ter nos treinado a sempre desconfiar dos narradores e do que nos é dito).
Por ser da área de Letras esse quesito de personagens sem defeitos possa parecer uma espécie de ?bom selvagem?, isto é, dar as qualidades ?civilizadas? (geralmente do homem branco europeu ou de mártires) aos personagens de alguma minoria, esvaziando ou omitindo a condição humana imperfeita capaz do bem e do mal ao mesmo tempo na nossa espécie independente do grupo que pertencemos.
Claro que tal abordagem de deixar o grupo oprimido com qualidade mais ?santas? permite mostrar melhor a diferença entre os oprimidos e os opressores malvados; mas é possível permitir o personagem oprimido ser capaz de algumas ?maldades?, pego como exemplo a Julia de ?1984? e I-330 de ?Nós? - que eram revolucionárias capazes de fazer guerrilhas, terrorismo e outros atos mais antiéticos, o que é plenamente plausível e aceitável no contexto delas por serem oprimidas - ou com Hiro Protagonist de ?Snowcrash?, ou qualquer herói guerreiro/soldado, que mata vilões e seus capangas sem um remorso, pois é para o ?bem maior?, mas matar é matar e nós somos cúmplices, claro (kkkkkk). São os defeitos e pecados dos personagens que nos ajudam a nos conectarmos ainda mais com eles, não apenas seus ideais, mas o conjunto de vivências, características, ideais e defeitos.
Perdão pela resenha longa, mas uma obra tão rica e vasta como a de Elgin não me permitiria nada menos que isso, na verdade necessitaria de mais.
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jaquesant0s 19/10/2023

Impecável.
Não sou a maior fã de ficção científica mas esse livro me atingiu em vários pontos. É assustadoramente real, o que torna tudo melhor, vou atrás de ler os outros livros da série.
GioMAS 19/10/2023minha estante
Coloquei no "quero ler".




Monalisa.Ribeiro 21/12/2023

Magnífico
Não foi fácil no início, entender como o contexto social, envolvendo alienígenas é uma língua se conectam, mas o livro se desenvolve bem, explica todos os detalhes.
Em algumas passagens do livro eu senti raiva, dor, tristeza, alegria, em fim, um livro que me trouxe um misto de muitas emoções.
Certamente recomendo, é uma leitura muito interessante e reflexiva, embora tenha sido publicado a muito tempo, ainda consegui ver muitas coisas q ainda acontecem em boca social atualmente.
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Lerica 14/01/2024

A língua das mulheres
Costumo imaginar que as ficções científicas são uma perspectiva muito bem trabalhada do futuro e que, embora pareçam absurdo enquanto lemos, algumas coisas realmente são muito verdadeiras ou podem vir a ser.

Esse foi meu primeiro contato com Suzette e já estou apaixonada pela sua criação, em Língua Nativa, ela nos apresenta um mundo em contato com alienígenas que tem como principal foco as linguagens, esse mundo é divido em dois tipos de cidadãos, os leigos e os linguistas. Os últimos são famílias dedicadas aos estudos de línguas terráqueas e alienígenas, contatos necessários para obterem riquezas de outros mundos.

A vida desses linguistas é em família, toda uma família convive juntos, assim praticam as línguas e se fortalecem, no entanto, as mulheres servem apenas como objetos, a sociedade é extremamente patriarcal, na qual vêem as mulheres como seres que servem somente para servir aos homens.

Dentro desse contexto, as mulheres vivem em comunhão, altamente unidas e, assim, criam uma língua na qual possam estabelecer suas dores, vivências e sentimentos, uma língua que expressava as mulheres.

Mas fazer essa língua sobreviver era um problema que os homens não deixariam tão fácil, e esse era o desafio das mulheres, fazer com que a língua repassasse as gerações e virasse algo maior.
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Larisse.Coimbra 04/02/2024

Genial!
Acabei de finalizar a leitura desse livro incrível e quero compartilhar algumas considerações com vocês.

Língua Nativa é uma ficção científica publicada pela primeira vez em 1984, mas no Brasil (pasmem!), é uma obra inédita. A edição brasileira é da editora Aleph e está primorosa (dá gosto de ler!).

Língua Nativa é comparado por muitas pessoas a O conto da aia, de Margaret Atwood (igualmente maravilhoso!). Os dois livros têm ambientação semelhantes: versões do futuro próximo dos Estados Unidos nas quais as mulheres foram desprovidas de direitos e estão sob o controle total ? legal e físico ? dos homens. Porém, no livro Língua Nativa o cenário apresentado pode ser considerado ainda mais improvável, impensável, algo que jamais poderia acontecer.

Durante a leitura, questionei várias vezes o porquê dessa obra, um clássico, ter demorado tantos anos para chegar até nós. Sem dúvidas merece tornar-se conhecida. Então, se você leu O conto da aia e Testamentos, de Margaret Atwood e gostou, Língua Nativa é imperdível. Põe na sua lista, você não vai se arrepender.

Agora uma curiosidade sobre a autora. Seu nome de nascimento é Patricia Anne Wilkins, ela nasceu em 1936 no Missouri, Estados Unidos. Mais tarde, porém, ao torna-se escritora e linguista, adotou o nome Suzette Haden Elgin, cujas iniciais S.H.E (do inglês she) significa ELA. Suzette era linguista e não por acaso escolheu esse nome. Sua obra, que na realidade é uma trilogia (espero pela continuação dessa trilogia!), fala sobre o poder da linguagem e a resistência feminina ao patriarcado.

É um livro de ficção perfeito!
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