Lore 03/05/2024
"Anjo da Misericórdia'' ou ''Discípula do Diabo''?
A história começa com o julgamento da Dra. Paige Taylor, acusada de praticar eutanásia no paciente John Cronin. A prática da morte misericordiosa é contra a lei na Califórnia. Além disso, o paciente em questão deixou um milhão de dólares em seu testamento somente para ela. Os dois não tem nenhuma ligação de parentesco, muito menos eram amigos, a única relação entre eles dois era de médico e paciente. Por isso, houve a suspeita de que ela assassinou o paciente para ficar com o dinheiro ele.
Todas as testemunhas que depõe no tribunal acusam a Dra. Paige. Para os funcionários do hospital, ela é uma profissional fria e incompetente. A imprensa está contra ela e a chamam nas reportagens de "Discípula do Diabo''. Há provas concretas de que ela pode ter realmente matado o paciente e a condenação dela parece ser somente uma questão de tempo...
A narrativa então pula e voltamos para cinco anos antes do julgamento. Em julho de 1990, Paige Taylor estava em seu primeiro dia como residente no Hospital Público Embarcadero, um dos hospitais mais antigos dos Estados Unidos. Ela, Betty Lou Taft e Kate Hunter eram as únicas mulheres do grupo de novos residentes e elas se dão bem de cara. Como moravam longe e também não tinha dinheiro, elas decidem morar juntas em um apartamento e dividir os custos.
Paige Taylor é a única que teve contato desde cedo com a medicina. Ela é filha de médico e seu pai fazia parte de uma equipe de médicos da OMS, e a equipe viajava para países do Terceiro Mundo para lutarem contra doenças e vírus. Paige e a mãe acompanhavam o Dr. Taylor e foi com ele que ela aprendeu a cuidar de pacientes, dar injeções e a receitar medicamentos. Além disso, a infância dela foi repleta de aventuras nesses países, também aprendeu outros idiomas e cultura. Após seu pai ter sido assassinado numa luta nativa, Paige decidiu que seria médica e foi uma estudante dedicada e sonha em ajudar as pessoas menos favorecidas. Ela é apaixonada por um amigo de infância - os pais dele também faziam parte da equipe da OMS - e está aguardando ele voltar da África - ele trabalha em uma ONG que ajuda pessoas necessitadas - para se casarem.
Kate Hunter é a mais competente da sua turma e teve as maiores notas da história da sua universidade. Ela é admirada pelo sua competência e profissionalismo. Kate é uma mulher negra de beleza única e os homens do hospital ficam constantemente dando em cima dela, mas ela nunca quer nada com ninguém. Kate teve uma infância traumática e por isso odeia todos os homens. Ela tem um irmão que se envolve em encrencas e ela sempre faz de tudo par ajudá-lo.
Betty Lou Taft - todos a chamam de Honey - vem de uma família milionária, e é considerada o "patinho feio'' da família Taft porque não é bonita e nem inteligente como as suas irmãs. Ela passou toda a sua vida tentando agradar os pais e as irmãs gêmeas, mas foi tudo em vão, já que não há espaço para ela na família. Seus pais achavam que ela não seria nada e que o futuro da família estavam nas outras filhas. Seu sonho era ser enfermeira, mas por ela ser uma Taft e iria para a área da medicina, ela tinha que ser médica e assim ela fez, mesmo não tendo aptidão. Mesmo não sendo bonita, Honey desde cedo desenvolveu uma habilidade de deixar os homens caidinhos por ela e é assim que ela consegue muitas coisas, inclusive, sua permanência no hospital...
À medida que os anos vão passando, começamos a conhecer melhor a Paige. Assim, quando a história avança no tempo e chegamos novamente ao tribunal, já sabemos se ela é culpada ou inocente. Temos conhecimento do que realmente aconteceu e podemos escolher se torcemos contra ou a favor da médica.
Além disso, vamos acompanhar a rotina médica delas em seus plantões de 36 horas, sem tempo para nada, até mesmo para comer. Ás vezes, quando elas acham que vão poder finalmente descansar em casa, elas são chamadas para retornarem ao hospital. Elas também vão ter provar o seu valor no hospital e lidar com o fato de serem as únicas mulheres médicas em um ambiente que são dominados por homens - o machismo exala nesse hospital de uma forma... É como se elas fossem incapazes de exercer a medicina, sendo que elas estudaram da mesma forma que eles para estarem ali.
Os médicos e as enfermeiras não querem mulheres trabalhando como médicas ali, os pacientes não querem ser atendidos por elas como se elas não soubessem o que estão fazendo ou as confundem com enfermeiras - eu fiquei com dó das enfermeiras, porque não vejo nada demais, mas para quem é médico, vê como ofensa. Os homens as veem como presas sexuais e fazem propostas indecentes, tratam como se elas fossem invasoras em seu ambiente de trabalho. Além de lidar com os desafios da profissão que são as longas jornadas, a falta de estrutura do hospital público e os casos desafiadores dos pacientes, tem que lidar com esse preconceito o tempo todo. E pra Kate é duas vezes pior por ser uma mulher negra, porque além do preconceito, ela tem que lidar também com o racismo.
O período de residência dessas três mulheres deveriam ser um momento de crescimento e aprendizado, mas por suas escolhas, decisões e também por se envolverem em situações arriscadas, terá consequências que n]ao somente arruinar suas trajetórias profissionais, mas que vão mudar a vida delas para sempre, ou pior, acabar com suas vidas.
Esse livro é intrigante, envolvente e cheio de reviravoltas. Nos faz refletir sobre a eutanásia, sobre questão religiosa em relação a transfusão de sangue, tem máfia, fala sobre status social... Muitas coisas!