Vanessa1409 24/10/2023
"Perdido por um, perdido por mil".
Suzannah é, realmente, uma das melhores personagens. Amo seu bom humor, suas tiradas apimentadas, até mesmo quando a situação é crítica. Nos momentos de perigo, ainda que admitindo o medo, ela solta suas piadinhas, arrancando-nos boas risadas. É como assistir Um Tira da Pesada ou alguma outra película do gênero. Suze sabe que está encrencada, então, assume o estilo "o que é um peido para quem já está cagado?" e lança suas ironias aos oponentes.
Nesse estilo "perdido por um, perdido por mil", nossa debochada protagonista finalmente assume ? para si mesma e para os leitores ? sua paixão platônica por Jesse. Aliás, uma gostosa idiossincrasia dessa série é esse contato direto com a personagem. A escrita de Cabot deixa aquela deliciosa impressão de estarmos conversando com a protagonista, enquanto ela conta suas aventuras e, como se pudesse ver nossas reações durante a leitura, lança um "não me julgue, ok?".
Jake ? carinhosamente (nem tanto) chamado de Soneca por Suze ? é um personagem que ganhou minha atenção. O rapaz é responsável, tem dois empregos e ainda encara a faculdade. Tem planos para comprar seu próprio carro e economiza para isso. Atencioso ? quando está acordado ?, já aceitou Suze como irmãzinha e a protege sempre que pode ? ainda que a própria Suze não reconheça o fato. ? Sabe aquele tipo de brutamonte fofo? Assim é Jake.
Senti falta de uma participação maior do padre Dom. Porém, convenhamos, a turma estava de férias, e ele não hesitou em fugir das loucuras de Suze e correr para um retiro. Quando Paul convida a protagonista para um encontro, Suze cita Dirty Dancing. "Ninguém deixa Baby de canto". Uma alusão ao que poderia ser sua relação com Paul, porém, com papéis invertidos: a funcionária do hotel com o filho rico do médico. É exatamente esse tipo de comentário que faz com que nós, adultos devoradores de livros, nos apaixonemos pela série, porque entendemos as citações da personagem, captamos as referências que nos conduzem a uma deliciosa aura de nostalgia.
Nesse ponto da história, ficou claro que Suze não é uma mediadora comum. Se no segundo livro descobrimos que ela não podia só ver, como, também, invocar os mortos; no quarto volume vemos uma espécie de viajante ? ou xamã. ? Para evitar spoiler, encerro aqui os comentários. Mas posso dizer que esse enredo tem um desfecho que nos deixa boquiabertos, de tão inesperado que é, uma situação que realmente não dá para imaginar, e que faz total sentido. Meg atirou no escuro, e acertou o alvo! Mais uma vez, tenho que aplaudir essa diva da literatura.
NOTA FINAL: Misericórdia! A série inteira é um primor de originalidade, de suspense e de diversão. Mas esse volume excede nossas expectativas, deixando-nos boquiabertos e ansiosos por mais. É perfeito para todas as idades, até mesmo para quem não curte o tema. Continuo indicando, insistindo, pedindo uma chance... sim, virei fã, amo a escrita de Meg Cabot e recomendo A Mediadora, implorando ao universo cinematográfico para que, assim como O Diário da Princesa ganhou sua versão para as telonas, Suze e sua turma um dia cheguem às nossas salas de cinema. Nota mil!